É nos momentos de crise que as associações de Alverca fazem a diferença
União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho é a que tem o maior número de associações no concelho de Vila Franca de Xira. Um espelho da vontade popular de ajudar o próximo, dizem a O MIRANTE vários dirigentes que, no domingo, 21 de Maio, participaram na mostra realizada no centro da cidade.
Os problemas financeiros continuam a ser a principal dor de cabeça para os dirigentes das associações da União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho e só uma grande força de vontade e empenho à causa vai permitindo fazer diariamente omeletes sem ovos em prol da comunidade. Até porque, dizem alguns dirigentes ouvidos por O MIRANTE no domingo, 21 de Maio, é nos momentos de crise e dificuldade que o papel das associações é ainda mais importante.
No último fim-de-semana voltou a realizar-se a CulturAlverca, uma festa no Jardim José Álvaro Vidal que juntou 28 associações de Alverca e Sobralinho. “As pessoas da cidade colaboram muito nas associações e tentam ajudar mas nos tempos que correm a vida está difícil e a falta de financiamento é o maior problema”, lamenta Marília Duarte, presidente da associação Os Xanecos, que acolhe 80 gatos resgatados das ruas. A dirigente não tem dúvidas que as associações fazem a diferença pela positiva na vida diária da cidade e por isso sabe bem, uma vez por ano, ter o reconhecimento público do trabalho desenvolvido.
Na união de freguesias há 57 associações inscritas com trabalho regular, o maior número do concelho de Vila Franca de Xira. “As pessoas gostam de trabalhar no associativismo em prol da sua terra. Temos também uma excelente colaboração entre as associações e isso faz a diferença”, defende Álvaro Costa, 59 anos, mecânico de aviões e presidente da APOGMA - Associação do Pessoal da OGMA, associação que há cinco anos se abriu à cidade e admite atletas e sócios que não sejam funcionários da empresa. Álvaro Costa partilha da convicção que os tempos são difíceis para recrutar novos directores. “Temos dificuldade em arranjar sucessores para os corpos directivos. Nestes eventos são sempre os mesmos, os que têm maior disponibilidade”, lamenta.
Na Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Alverca (ARPIA) a queixa é semelhante embora o presidente, Carlos Sousa, tenha uma receita para o problema: inovação. “Temos de criar novas actividades para continuar a chamar gente para as associações. Hoje já temos a ginástica com 120 pessoas, um grupo de cantares e uma marcha popular”, partilha. O dirigente diz não ter dúvidas que o entusiasmo da comunidade é que vai mantendo vivas as associações e que hoje, mais do que nunca, é o seu trabalho que ajuda quem precisa no dia-a-dia. Cultura, desporto, comunidades internacionais, solidariedade, educação e intercâmbio foram alguns dos objectivos da CulturAlverca que durante o dia contou também com momentos musicais e petiscos.
Ucranianos juntaram-se à festa
Fundada há 15 anos a Associação de Ucranianos de Alverca, liderada por Oleksandr Sdobnikov, foi uma das colectividades que se juntou à festa. Estiveram a vender bolos e outros artigos para ajudar a angariar verbas para o esforço de guerra na sua terra natal. Agrega ucranianos que chegaram há duas décadas a Portugal mas também outros que chegaram entretanto, refugiados da invasão russa. Ao todo a associação agrega mais de 800 pessoas na cidade.
“Na minha casa já recebemos sete pessoas refugiadas”, confessa a O MIRANTE Oleksandr Sdobnikov, empresário do ramo dos transportes que já viu o filho nascer em Alverca. “Todos queríamos voltar para o nosso país mas começou uma guerra em 2014 e agora outra, mais vale ficar cá. Talvez voltemos quando nos reformarmos”, brinca. Os ucranianos sentem-se bem em Alverca, terra que os recebeu de braços abertos e onde há qualidade de vida. Também agradecem a Portugal o apoio que têm recebido. “As pessoas são muito simpáticas. Aqui estamos em casa”, conclui Oleksandr Sdobnikov.