Tiragem da cortiça atravessa gerações mas são cada vez menos os que querem aprender o ofício
Assinala-se hoje, 1 de Junho, o Dia Nacional do Sobreiro e da Cortiça. A falta de mão-de-obra afecta a tiragem da cortiça, uma actividade exigente física e mentalmente. Simão Fortio resistiu e manteve a tradição de tirador de cortiça que já vem do seu bisavô. Actualmente emprega cerca de 30 pessoas na Branca, Coruche.
A actividade da tiragem da cortiça atravessou gerações até chegar a Simão fortio. Aos 49 anos tem uma empresa de extracção de cortiça, na freguesia da Branca (Coruche), com cerca de trinta funcionários, incluindo o irmão e o primo. O ofício já foi ensinado também ao filho que está a estudar engenharia florestal. Simão Fortio tinha 14 anos quando aprendeu a tirar cortiça “por obrigação”. Os tempos mudaram e hoje conta que é muito difícil encontrar mão-de-obra.
O esforço mental e físico que é exigido nesta actividade sazonal afasta os jovens. O trabalho começa às 6h30, pausa às 10h30 para comer, e continua até às 14h. Os horários têm em conta o calor, que dificulta mais o trabalho. Subir e descer aos sobreiros, tirar cortiça com a machadinha, limpar o suor e passar para outra árvore. São pelo menos entre oito a dez semanas de trabalho com folga ao domingo.
A seca tem prejudicado os sobreiros. As árvores morrem mais e apanham mais doenças. “Para conservar a riqueza dos sobreiros temos de tratar muito bem das árvores. Antigamente tirávamos mais cortiça, agora já não recuamos tanto na tiragem. A cortiça só é retirada de cada sobreiro de nove em nove anos”, conta Simão Fortio.
O sobreiro tem estatuto legal de espécie protegida. É considerado desde 2011 “Árvore Nacional de Portugal”, devido à sua importante função na conservação do solo, na regularização do ciclo hidrológico e armazenamento de carbono.
*Uma reportagem para conferir na íntegra na edição impressa de O MIRANTE