Sociedade | 03-06-2023 12:00

Casa do Povo quer vender terreno do campo de futebol onde joga o Vialonga

Casa do Povo quer vender terreno do campo de futebol onde joga o Vialonga
Direcção da Casa do Povo de Vialonga quer vender património para construir uma residência para idosos

A Casa do Povo de Vialonga colocou à venda, através de uma agência imobiliária, os terrenos cedidos ao Grupo Desportivo de Vialonga para criar o seu complexo desportivo. A instituição quer realizar capital para construir uma residência para idosos. A solução poderá passar pela compra do estádio pela Câmara de Vila Franca de Xira.

A Casa do Povo de Vialonga colocou à venda por 2,5 milhões de euros as instalações onde o Grupo Desportivo de Vialonga (GDV) exerce a sua actividade desportiva. O anúncio está numa empresa imobiliária, o que gerou burburinho na comunidade. A Casa do Povo precisa de dinheiro para avançar com o projecto da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), a tempo de candidatar a obra ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Existe um protocolo de utilização, que já foi assinado há dezenas de anos entre a Casa do Povo e o GDV, que estipula que o clube pode usar a propriedade da instituição enquanto mantiver a prática desportiva, a custo zero e por tempo indeterminado.
De acordo com o Plano Director Municipal (PDM) de Vila Franca de Xira, o terreno onde está o complexo desportivo do GDV está classificado como área desportiva e de lazer. A Casa do Povo adverte no anúncio de venda que quem comprar o património sabe que terá de encontrar solução para o clube.
O projecto para a ERPI é de 2013 mas na altura a instituição não tinha condições para avançar com a infraestrutura. Com a possibilidade de financiamento através do PRR a direcção decidiu tentar novamente. O projecto está feito mas o orçamento da empreitada aumentou 40% em relação ao estimado inicialmente e por isso a Casa do Povo diz não ter outra alternativa senão vender património.
“O custo dos materiais encareceu a obra de 2021 até agora. Dos três milhões e 88 mil euros que estavam previstos para a ERPI passou-se agora para quatro milhões e 328 mil euros. A nossa comparticipação aumentou para um milhão e 795 mil euros. Ainda estamos a pagar à banca o empréstimo das instalações do infantário, que são oito mil euros mensais. Onde vamos buscar o dinheiro? Os empréstimos bancários estão fora de questão”, explicou a O MIRANTE o presidente da direcção da Casa do Povo de Vialonga, Carlos Agostinho.
A instituição luta agora contra o tempo tendo em conta o prazo da candidatura da obra ao PRR, mas a direcção diz que não vai atirar a toalha ao chão. Independentemente da construção da ERPI a venda do património é para manter. Outra das justificações da instituição para a venda das instalações é o equilíbrio financeiro. Carlos Agostinho explica que está fora de questão a Casa do Povo contrair dois empréstimos até porque quer deixar as contas em dia quando deixar a direcção.
A Casa do Povo tem menos receita porque diminuiu o número de crianças a frequentar o ensino pré-escolar. “Não queremos prejudicar o clube mas também não nos podem prejudicar a nós. O GDV não paga nada. Até as telhas que se partem a jogar à bola somos nós que pagamos”, reitera Carlos Agostinho.

Município disponível para comprar campo de futebol
Antes da venda do património ser tornada pública a Casa do Povo comunicou a intenção ao GDV através de reunião com os dirigentes. O clube não tem instalações próprias e por isso só sai do local onde está caso tenha alternativa, dentro da freguesia de Vialonga, disse em declarações a O MIRANTE o presidente do clube, Ricardo Antunes.
O GDV ainda está a pagar mais de 40 mil euros de dívida à banca de um relvado que já não utiliza e que data de 2008. O relvado sintético actual é novo e foi pago pela Câmara de Vila Franca de Xira. Ricardo Antunes garante que o valor da dívida “é agora controlável” depois de terem sido pagos os valores em falta às finanças, EDP e Serviços Municipalizados de Água e Saneamento.
“Já sabíamos que o anúncio da venda ia sair na imobiliária. As pessoas de Vialonga ficaram apreensivas, assim como nós, sem saber para onde vai o clube quando comprarem isto. Vamos continuar a desenvolver as actividades desportivas e a requalificar o complexo desportivo tal como temos planeado”, garante o dirigente desportivo.
O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, diz estar descansado tendo em conta que a entidade que vier a comprar os terrenos não pode construir nada no campo de futebol do Vialonga por causa do PDM em vigor. “Num contexto de separação dos dois terrenos a autarquia está disponível para adquirir a parte desportiva, onde está o GDV, pelo valor da avaliação que foi feita e que já foi comunicada à Casa do Povo”, afirmou Fernando Paulo Ferreira.

Ricardo Antunes diz que o Vialonga vai continuar com a sua actividade e a melhorar as instalações do complexo desportivo

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