A Anita é bonita e precisa de ajuda
Anita é uma menina com 11 anos muito acarinhada na Chamusca pela alegria que transmite e por ser muito extrovertida. Tem paralisia cerebral, mas a sua condição nunca foi motivo para abdicar dos seus sonhos.
É ela própria que, com delicadeza, diz às pessoas que não é nenhuma “coitadinha” e que é muito feliz com a sua vida. Recebeu recentemente uma nova cadeira de rodas e precisa da solidariedade das pessoas para comprar um automóvel adaptado à sua realidade.
Quem entra na casa de Anita, situada na Avenida Almirante Gago Coutinho, vulgo Ladeira do Bairro, na Chamusca, encontra felicidade e boa disposição. Sentada à mesa está uma menina de 11 anos, de cabelo claro, a ouvir música e a jogar computador enquanto canta e dança ao ritmo dos sons mais variados que passam na rádio quase todos os dias. O convite para sentar é imediato; o repórter senta-se acompanhado pela mãe e pai de Anita, Ana Oliveira e Fernando Inácio, a poucos minutos da chegada de uma surpresa que lhe vai dar mais conforto e qualidade de vida: uma cadeira de rodas eléctrica. A excitação é impossível de esconder, mas dos pais vem o aviso; “Anita, para já a cadeira é só para as voltinhas mais pequenas. Quando tivermos um carro novo já podemos ir passear com ela”, afirmam. Anita recebe com fair-play a notícia, enquanto os pais explicam que a carrinha que têm é muito antiga e não está adaptada à nova cadeira (ver caixa).
A chegada da surpresa é adiada por cerca de uma hora, tempo suficiente para ficar a conhecer a história de Anita. O seu espírito lutador aparece logo à nascença. Nasce prematura de 28 semanas com, pasme-se, 800 gramas. Depois de dois meses e meio internada em hospitais vai para casa e só aos seis meses aparece a primeira grande complicação. Uma bronquiolite, quase pneumonia, e os médicos têm muita dificuldade em fornecer-lhe oxigénio necessário para uma bebé com as suas características. O susto passa, mas poucos meses depois os pais reparam que Anita não tem força no pescoço e tem vários problemas motores. Uma nova ida ao hospital termina com um duro diagnóstico: Anita tem paralisia cerebral. A brutalidade da notícia é encarada de cabeça erguida por Ana Oliveira e Fernando Inácio. “Naturalmente que ficámos tristes pela nossa filha. Chorámos o que tínhamos a chorar e seguimos em frente. Tem sido assim ao longo dos últimos 10 anos. Não projectamos o futuro. Vivemos o presente porque é a única forma que temos de a fazer feliz”, afirma Ana Oliveira que, na altura, tal como o seu marido, tinha 38 anos.
Até aos três anos, quando Anita entra para o jardim-de-infância, vai para as urgências hospitalares com muita frequência. Os pais nunca deixam de trabalhar porque sabem que a única solução é “normalizar” a situação e aprender a criar rotinas. Anita sempre foi “uma criança da comunidade”. Participa em todo o tipo de actividades, como hidroterapia e hipoterapia, mas a música é, e sempre foi, a sua grande paixão. Actualmente também participa nas marchas populares da Carregueira. Na escola, como noutros ambientes sociais, nunca sofreu de bullying, principalmente porque Anita tem a capacidade de tirar das pessoas o melhor que têm para dar. “É muito sociável e beijoqueira. Nunca a protegemos em demasia porque tem de ser ela a aprender com os estímulos que vai recebendo diariamente”, refere Ana Oliveira, acrescentando que cabe à mãe dar um “puxão de orelhas de vez em quando”.
Anita esteve tranquila durante a entrevista e poucas vezes interveio. No entanto, não deixou sair o jornalista sem dizer que tem vários sonhos, nomeadamente ser professora de dança, cantora e gostava de aprender a tocar piano. Anita sabe ler, escreve no computador e não é um zero a Matemática. É uma aluna aplicada mas é, sobretudo, uma pessoa com quem toda a gente gosta de estar. Questionados sobre quem tem ensinado mais lições a resposta dos pais é unânime: “a Anita ensina-nos lições todos os dias. Ainda há poucos dias lhe chamaram coitadinha e ela respondeu, com um sorriso, que não é coitadinha e que tem uma família muito feliz de quem gosta muito”, contam os pais, com orgulho.
Como ajudar Anita
A cadeira de rodas que Anita recebeu é eléctrica e tem funcionalidades que vão permitir dar-lhe mais qualidade de vida e conforto. O facto de ser muito pesada impede que a cadeira de rodas seja transportada adequadamente na carrinha que os pais têm há vários anos, que não tem a dimensão nem os mecanismos necessários. Para poderem levar a filha a passear ou a visitas ao médico Ana Oliveira e Fernando Inácio precisam de uma nova carrinha cujo valor ronda os 30 mil euros. Embora ambos trabalhem, Fernando Inácio é funcionário na Câmara Municipal da Chamusca e Ana Oliveira trabalha num gabinete de arquitectura, os pais agradecem a quem quiser dar o seu contributo e ajudar a resolver o problema o mais rápido possível. O IBAN da conta de Anita é o PT50 0035 0246 0001 2661 7002 8.