Falta de mão-de-obra prejudica sector da cortiça
A falta de mão-de-obra afecta a tiragem da cortiça, uma actividade única que é marca da região ribatejana. Simão Fortio resiste e mantém uma empresa onde as semanas de trabalho no montado não se fazem só com homens.
A actividade da tiragem da cortiça atravessou gerações até chegar a Simão Fortio. Aos 49 anos tem uma empresa de extracção de cortiça, na freguesia da Branca (Coruche), com cerca de 30 funcionários, incluindo o irmão e o primo. O ofício já foi ensinado ao filho, que está a estudar Engenharia Florestal, e ao sobrinho. Simão Fortio tinha 14 anos quando aprendeu a tirar cortiça “por obrigação”. Os tempos mudaram e hoje conta que é muito difícil encontrar mão-de-obra.
O esforço mental e físico que é exigido nesta actividade sazonal afasta os jovens. O trabalho começa às 06h30, pausa às 10h30 para comer, e continua até às 14h00. Os horários têm em conta o calor, que dificulta mais o trabalho. Subir aos sobreiros e descer, tirar cortiça com a machada, limpar o suor da testa e passar para outra árvore. São pelo menos entre oito a dez semanas de trabalho com folga ao domingo. Coruche, Benavente, Grândola, Torrão e Alcácer do Sal são algumas das áreas de montado de sobro onde é necessário tirar este recurso endógeno.