Inovações na Feira da Agricultura foram aposta falhada e geram onda de descontentamento
A organização da Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, teve de emendar a mão e proceder a algumas alterações no figurino do certame depois das críticas recebidas por muitos visitantes. Em causa, sobretudo, está a nova localização do palco para os grandes concertos numa zona menos desafogada e onde se concentram também outras atracções. Mas os preços praticados também merecem críticas.
As inovações feitas este ano na organização da Feira Nacional de Agricultura (FNA) em Santarém deram mau resultado e obrigaram o CNEMA (Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas) a tentar emendar a mão após dois dias de certame. Em causa está sobretudo a alteração na localização do palco dos grandes concertos, habitualmente situado num espaço amplo e que este ano foi desviado para o local onde se concentram também as diversões, bares e estabelecimentos de comidas e bebidas. Em concertos como o da noite de sábado, com Nininho Vaz Maia, foi bem patente a excessiva concentração de pessoas nessa zona e as queixas nas redes sociais foram muitas.
Perante o descontentamento e as evidências, a organização da FNA, liderada pela CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, emitiu na segunda-feira, 5 de Junho, um comunicado nas redes sociais onde reconhece que “a afluência de visitantes àquela zona tem sido muito superior à nossa estimativa causando o desconforto descrito” nos comentários. Lamentando que “o objectivo de melhoria não se tenha concretizado”, a organização da FNA garantiu que iria “operar as modificações possíveis para uma melhor vivência deste recinto nos próximos dias”. A organização da FNA23 agradece a interacção dos visitantes e esclarece que “a intenção da mudança foi no sentido de uma optimização da área recreativa, concentrando num só local todos os elementos de diversão e entretenimento proporcionados pela feira na sua vivência nocturna”.
“Não façam o público parvo”
Uma aposta falhada que mereceu muitas críticas nas redes sociais do CNEMA. “Por favor, não façam o público parvo. Toda a gente sabe que o objectivo de pôr ali o palco é encaminhar mais facilmente as pessoas à saída. Só as mentes iluminadas da organização é que acham que somos todos estúpidos e que não vimos que literalmente há uma bancada no recinto que até 2018 era o sítio dos concertos. Além do mais, se realmente tivessem alguma noção na cara não colocavam oito euros um bilhete, nem tão pouco 1.5 euros o copo. O que importa é que temos belas esculturas de ovos à porta!!!”, escreveu um visitante no Facebook da Feira Nacional de Agricultura – Feira do Ribatejo.
“Adoro a Feira da Agricultura, sou ribatejana e por norma não falto. Os últimos anos tenho ficado descontente com o palco. Este ano foi desonesto da vossa parte porem o palco num sítio tão apertado, com tanto espaço de frente para a bancada (como era antes) não se percebe esta ideia. Vi muitas pessoas com crianças a virem embora por nao conseguirem ver nada. Lamento”, comentou uma escalabitana habitual visitante da FNA.
Uma jovem de Santarém foi também incisiva nas críticas: “Não percebo a ideia deste ano. Meterem o palco naquele sítio quando esteve tantos anos de frente para as bancadas e onde todos cabiam. ‘Empacotaram’ as pessoas como se fôssemos sardinhas. Ter de vir embora porque nem dava para andar. Imensa gente, nem acesso a água teve dada a quantidade de pessoas que ali se encontravam. VERGONHA! Aos poucos vão destruindo a FNA. A continuarem assim terão FNA somente para o ar. Deveriam repensar muito bem no que fizeram e, se calhar, para o ano fazerem melhor. Porque se este foi o vosso conceito de evolução não quero sequer conhecer mais nenhum conceito”.
Preços altos e stands vazios
Os preços praticados têm sido também objecto de crítica. “Se os preços não baixarem mais ano menos ano já não vai haver feira. As pessoas não têm dinheiro para entrar nem os stands têm dinheiro para pagar para lá estar. Façam as contas: uma família com quatro pessoas quanto vão gastar? Ou pagam a entrada ou ajudam os stands na compra de comer ou outras coisas. Temos que fazer escolhas para poder ir”, escreveu uma jovem de Almeirim.
A crescente aposta na componente de animação e grandes concertos como forma de atrair visitantes, que os mais puristas e saudosistas consideram desvirtuar a essência da feira, tem sido também objecto de discussão ao longo dos anos. “Se o principal objectivo da feira fosse realmente uma feira do sector agrícola este tipo de problemas não seria assunto. Grave é uma feira agrícola onde cada vez se vê menos sobre o ramo principal, tal como já foi dito noutras mensagens!!! Stands vazios, grandes marcas nacionais a deixar de estar presentes...enfim…”, comentou um visitante de Turquel.