Sociedade | 12-06-2023 07:00

Instituto Politécnico de Tomar apresentou candidatos a presidente numa sessão tensa

Instituto Politécnico de Tomar apresentou candidatos a presidente numa sessão tensa
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José Ribeiro Mendes e o actual presidente do Instituto Politécnico de Tomar, João Coroado, são os candidatos à presidência do IPT às eleições que decorrem a 14 de Junho

João Coroado, actual presidente, e José Ribeiro Mendes, professor com forte ligação à política, são os dois candidatos à presidência do Instituto Politécnico de Tomar. Apresentação pública das candidaturas teve momentos de tensão. Eleições decorrem a 14 de Junho.

A apresentação pública das candidaturas à presidência do Instituto Politécnico de Tomar (IPT) teve momentos de tensão provocados pelas questões da assistência. Depois de João Coroado, actual presidente da instituição, e José Ribeiro Mendes, professor com uma forte ligação à política local, apresentarem os seus projectos para o próximo quadriénio, os candidatos foram escrutinados com perguntas da assistência que causaram algum burburinho no auditório principal da instituição (ver caixa).
O início dos trabalhos começou com uma apresentação de meia hora de João Coroado, professor e investigador que liderou o IPT nos últimos quatro anos. O responsável começou por explicar as razões da sua candidatura: “Recandidato-me para consolidar processos de atracção e retenção de estudantes com o objectivo de atingir as três mil matrículas na instituição”, disse, acrescentando que, por estar num local de desertificação, a instituição precisa de realizar projectos de responsabilidade social e partilhada.
João Coroado referiu que há necessidade de apostar em mais qualificação da oferta formativa, transferência de conhecimento e formação avançada. “O desempenho do IPT será sempre o resultado do empenho colectivo e da acção de cada um para termos uma melhor instituição. O capital humano é a maior riqueza do IPT”, vincou. O dirigente concluiu com a apresentação da sua equipa, Nuno Madeira e Natércia Santos como candidatos a vice-presidentes, e sublinhou que, mesmo com as restrições provocadas pela pandemia, o IPT conseguiu atingir 75% do seu plano de acção destacando-se o aumento do número de alunos em 20%.
“Muitos dos programas a que nos propusemos estão agora a dar resultados, nomeadamente na área da inovação pedagógica, internacionalização, investigação e nas relações com a comunidade e empregabilidade. Temos equilíbrio orçamental e podemos olhar para investimentos quer do ponto de vista laboratorial quer do ponto de vista de manutenção e recuperação de edifícios”, frisou João Coroado.

Candidatura da contestação
Os 30 minutos que José Ribeiro Mendes utilizou para apresentar a sua candidatura evidenciaram mais as lacunas que considera existir na instituição do que as soluções ou projectos necessários para a catapultar. Professor e político com vasto currículo, tendo sido deputado à Assembleia da República e presidente da Assembleia Municipal de Tomar pelo PS, José Ribeiro Mendes demonstrou ser a candidatura da revolta. Considera que há lacunas na organização de pessoas, na manutenção das infraestruturas e equipamentos, demasiado abandono escolar e pouca atractividade e satisfação de docentes, não docentes e alunos. “É preciso inovar na oferta formativa, nas humanidades e tecnologia”, referiu.
O professor coordenador deu conta que, em conversas nos corredores da instituição, os professores estão descontentes com o regulamento de 480 horas, não progressão de carreiras e consideram que há falta de diálogo e não são ouvidos. No seu ponto de vista, “candidatam-se poucos alunos, há muitas alterações de horário sem aviso prévio, abandono e más condições das instalações”. José Ribeiro Mendes apresentou um estudo da OCDE para demonstrar que cada aluno do IPT custa o dobro da média nacional do ensino politécnico. “Não captamos alunos, temos muito abandono e não há produtividade”, sublinhou. João Coroado foi ouvindo as críticas com fair-play, mas não conseguiu esconder, através de algumas expressões faciais, a surpresa por algumas afirmações do seu adversário.

Luiz Oosterbeek é professor coordenador do Politécnico de Tomar

Luiz Oosterbeek não poupou candidatos

Luiz Oosterbeek é professor coordenador no IPT e uma das pessoas mais respeitadas na instituição pelo seu vasto currículo como arqueólogo, responsável por organizações e autor de livros e artigos. No final das apresentações não poupou os candidatos e colocou um rol de questões que deixaram um ambiente tenso no auditório. “Quando defendemos o ensino superior é necessário responsabilidade e se for preciso alguma dureza para vermos esclarecidas as nossas dúvidas”, disse.
Se as questões para João Coroado foram mais suaves, destacando-se, entre outras, o facto de ter feito algumas promessas que nunca foram cumpridas, o inquérito a José Ribeiro Mendes foi bastante duro. Oosterbeek criticou a sua apresentação referindo que, num dos pontos, nem a um aluno permitiria uma exposição daquelas. Condenou o facto do ex-deputado cingir a sua candidatura à apresentação de uma imagem negativa do IPT e não realçar o que de bom se faz na instituição. Por último, demonstrou ter dúvidas sobre as competências de José Ribeiro Mendes para o cargo de presidente do IPT uma vez que “o seu percurso mais relevante tem sido feito na política”. José Ribeiro Mendes respondeu afirmando que não é preciso ser investigador ou académico, mas sim ter vontade de trabalhar para ser competente e gerir uma instituição como o IPT.

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