Sociedade | 13-06-2023 15:00

Benavente tem elevada percentagem de crianças com excesso de peso e obesidade

Benavente tem elevada percentagem de crianças com excesso de peso e obesidade
Nutricionistas, um professor e uma psicóloga falaram sobre a importância da alimentação na saúde num colóquio organizado pela SFUS em Samora Correia

Diagnósticos mostram que o excesso de peso em algumas idades está acima da média europeia e do país e que o número de crianças obesas é preocupante. O exercício resume-se às aulas de Educação Física em muitos casos e mais de metade não come a quantidade de fruta recomendada pela Organização Mundial de Saúde. O município está preocupado e tem apostado em projectos inovadores para inverter estes dados.

A prevalência de excesso de peso nas crianças dos cinco aos nove anos em Benavente é de 40%, acima da média do país que é de 29% e da estimada para a Região Europeia da Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de 29,5%. Nas restantes idades o número de crianças e jovens com excesso de peso é igualmente preocupante, situando-se nos 33%, igualmente acima da média nacional, assim como o da obesidade infantil, cuja percentagem é acima dos 20% e mais expressiva nas crianças do 1º ciclo. Os dados, que dizem respeito ao diagnóstico do estado nutricional das crianças, foram revelados pela nutricionista da Câmara de Benavente, Rute Espanhol, no colóquio Nutrição no Nosso Bem Estar, organizado pela Sociedade Filarmónica União Samorense (SFUS).
Neste diagnóstico, a análise da frequência de consumo diário de alimentos e refeições reportado pelos alunos que participaram revelou que mais de 60% das crianças não atinge a recomendação da OMS de ingestão de três peças de fruta e do consumo de dois legumes por dia. A adesão à dieta mediterrânica, que privilegia o consumo de frutas, vegetais e cereais integrais em detrimento de alimentos industrializados mostrou ser baixa ou moderada em 44% dos alunos.
“Estes dados são preocupantes e esta informação obriga-nos a actuar para baixar estes números”, afirmou a nutricionista da Câmara de Benavente, Rute Espanhol, referindo-se ao excesso de peso e obesidade infantil que aumentou após os períodos de confinamento da pandemia de Covid-19. “Os que tinham quilos a mais ficaram obesos”, sublinhou perante a plateia constituída por encarregados de educação, pais e avós. Uma ocorrência corroborada pela também oradora no colóquio e nutricionista Rita Serra, que tem constatado que, desde a pandemia, tem recebido em consulta neste concelho mais crianças com obesidade - doença multifactorial que aumenta o risco do aparecimento de outras doenças como a diabetes e 13 tipos de cancro - algumas com 15 ou 20 quilos a mais do que deveriam ter.
Rute Espanhol observou que alguns dos alunos que têm excesso de peso não participaram no estudo, que carecia de autorização dos encarregados de educação, por não se sentirem confortáveis, o que pode mostrar que os números reais podem ser ainda mais alarmantes. A taxa de participação no diagnóstico, que abrangeu alunos do pré-escolar ao ensino secundário, foi de 58%, o que se traduz num total de 2.506 alunos em 4.270.

Actividade física perde terreno para os ecrãs

Questionados sobre a prática de actividade física 50% dos alunos disse que pratica actividade física programada, uma percentagem que no pré-escolar baixa para os 30%. António Medeiros, professor de Educação Física no Agrupamento de Escolas de Samora Correia, aproveitou o colóquio inserido na programação do 102º aniversário da SFUS, para consciencializar para a importância da prática de actividade física. Num estudo que contou com a participação de 450 alunos apurou-se que 36% não tem outra actividade física além das aulas de Educação Física, que 85%, quando não estão na escola, passam mais de duas horas por dia em frente a ecrãs de telemóvel, tablets ou computadores, que 50% gostariam de perder mais peso, que 54% não dorme bem e mais de 40% gostaria de se sentir mais feliz. Numa perspectiva mais positiva o inquérito deu a saber que metade dos alunos se deslocam a pé para a escola.

Refeitório mais apelativo para os alunos resultou no aumento de refeições servidas

Tornar o refeitório da Escola Duarte Lopes mais apelativo para os alunos foi outra das preocupações da Câmara de Benavente depois de constatar que no ano lectivo de 2021/2022 a adesão se situava na ordem dos 20% e que eram servidas menos de 100 refeições por dia. Existia ainda uma baixa satisfação com as refeições, uma percepção negativa quanto à sua qualidade e imagem da sala de refeições.
Nesse sentido, explicou Rute Espanhol, o município entendeu remodelar o refeitório através de um projecto no qual participaram alunos, funcionários, professores e encarregados de educação. Foi colocada música ambiente, criadas áreas de socialização, aumentado o número de opções na ementa e passou a ser disponibilizado um bufete de saladas, o que gerou um aumento de consumo deste complemento à refeição para o dobro e uma diminuição do desperdício alimentar. Comprovou-se ainda que com estas alterações o número de refeições servidas aumentou 100%, passando de 100 para 200 refeições diárias servidas.
A nutricionista do município enunciou ainda alguns dos projectos que estão em curso nas escolas do concelho como o Fruta Escolar, iniciativa de âmbito europeu que pretende, através da distribuição de duas peças de fruta por semana, aumentar o seu consumo em crianças do 1º ciclo e que a câmara municipal alargou ao ensino pré-escolar, e o Quiosque da Fruta que funciona para os alunos de 2º e 3º ciclos na Escola Duarte Lopes, em Benavente. Este ano lectivo estima-se que vão ser distribuídas 218.750 peças de fruta.

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