Gastronomia é cada vez mais um factor determinante para o turismo
Apresentação do Aire e Candeeiros Culinary Center decorreu junto à nascente do rio Alviela durante a Alcanena Green Week. Gastronomia foi apontada como um dos principais factores de referência para o turismo em Portugal.
Faltam cerca de 50 mil pessoas para trabalhar no sector da restauração em Portugal. A informação foi partilhada pelo vice-presidente do Turismo Centro de Portugal, Jorge Loureiro, durante a apresentação do Aire e Candeeiros Culinary Center. Jorge Loureiro elogiou o projecto e referiu que a gastronomia é cada vez mais um factor de referência para quem visita o nosso país, acrescentando que estes projectos são fundamentais para a fixação de pessoas e dinamização da economia de uma região.
Durante a mesa-redonda o investigador e professor João Gago alertou para o facto deste ano ter sido o pior para a pesca de lampreia. “Este foi o ano em que se apanhou menos lampreia nos rios, muito por culpa dos siluros. Esta espécie predadora, que foi introduzida nos rios portugueses, tem prejudicado muito o ecossistema”, lamentou o professor de Biologia da Escola Superior Agrária de Santarém. João Gago sublinhou que a presença de alguns peixes exóticos no rio Tejo conduz a alterações nos ecossistemas com custos económicos para a sociedade. Estes peixes, que são provenientes doutras regiões ou países e foram introduzidos pelo Homem, são predadores das 45 espécies nativas que existem no rio. “Está provado que a proliferação dos peixes exóticos, nomeadamente o peixe-gato (siluro), carpa ou alburno levam à perda da qualidade da água implicando maiores custos de tratamento e podem transportar doenças ou parasitas transmissíveis ao ser humano”, reforçou.
Viveiros de espécies em vias de extinção
O chef Rodrigo Castelo é o consultor e curador do projecto, que foi apresentado na manhã de sexta-feira, 26 de Maio, na praia fluvial dos Olhos de Água, integrado na Alcanena Green Week. O projecto vai ter viveiros de espécies que estão em vias de extinção, que depois vão servir para repovoar. Rodrigo Castelo explicou que os objectivos passam por investigar a fauna e flora existente, desenvolver receitas e novos alimentos com base em produtos endógenos, certificar os produtos tradicionais da Serra de Aire e Candeeiros e trabalhar sempre com base no desperdício aproveitando tudo o que for possível de um produto. O projecto vai incluir um curso técnico superior descentralizado para formar jovens dotados e especializados neste tipo de culinária sustentável. O curso é um TESP de 24 meses, com 18 meses de aulas teóricas e práticas e seis meses de estágio curricular em parceria com a Escola Superior Agrária de Santarém, a EPAL, o Turismo de Portugal e o Turismo Centro de Portugal. O Agrupamento de Escolas de Alcanena, dirigido por Ana Cláudia Cohen, também está envolvido no projecto, que pretende ser uma referência nacional na formação, investigação e inovação nas áreas da cozinha e produção alimentar.
O presidente da Câmara de Alcanena, Rui Anastácio, referiu que o município vai contribuir para o desenvolvimento de um plano de formação inovador com vista à valorização dos produtos e recursos endógenos. “Queremos transformar a zona dos Olhos de Água num produto turístico integrado de grande valor, na área do ecoturismo e do turismo de natureza”, explicou.
Ministra não comenta afastamento da Feira da Agricultura pela CAP
A ministra da Agricultura não comentou a decisão dos dirigentes da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal de não convidar os membros do Governo, incluindo Maria do Céu Antunes, para a inauguração da Feira Nacional da Agricultura (FNA), a 3 de Junho, no CNEMA, em Santarém. Questionada por O MIRANTE, à margem da apresentação do projecto “Aire e Candeeiros Culinary Center”, Maria do Céu Antunes respondeu que “não vale a pena falar no assunto nem responder sobre isso”.
Como O MIRANTE já noticiou, a CAP apresentou o programa da FNA e anunciou que o certame seria inaugurado pelo Presidente da República e, a exemplo do que tem acontecido noutras iniciativas organizadas pela CAP, não foi convidado nenhum membro do Governo, numa “forma de dizer que o sector está descontente com a actuação do executivo liderado pelo socialista António Costa”. Sobre a iniciativa em Alcanena, a ministra garantiu que o seu ministério está comprometido, sublinhando que o projecto pega no que é a produção primária para fazer face ao desenvolvimento sustentável utilizando produtos endógenos combatendo o desperdício e utilizando boas práticas de produção.