Tabaco e álcool aumentam 100 vezes risco de cancro
Tiago Porfírio Costa, otorrinolaringologista no Hospital CUF Santarém e CUF Descobertas, fala sobre os cancros da cabeça e do pescoço que atingem entre 2.500 a 3.000 pessoas por ano.
São cancros para os quais as pessoas não estão despertas por não serem tão falados, como os da mama, ou da próstata, mas que se não forem descobertos numa fase inicial podem ter consequências graves. Por isso é essencial que a pessoa faça um autoexame de observação da boca ou da palpação do pescoço. O tabaco e o álcool são os factores de risco e os dois juntos aumentam em 70 a 100 vezes a probabilidade de se ter cancro em relação a uma pessoa que tenha hábitos de vida saudáveis. Um tumor descoberto tardiamente reduz para uns 40% a sobrevida. Um factor que está também a influenciar este tipo de cancro é o vírus do papiloma humano e que está a levar aos hospitais pessoas mais jovens.
Não é costume ouvir-se falar no cancro da cabeça e pescoço. É porque a sua incidência é menor? O facto de não se conhecer significa que não está suficientemente divulgado. É preciso alertar e contribuir para a literacia em saúde. É necessário ter conhecimento dos sinais e sintomas que devem motivar a ida ao médico. Quanto mais cedo for feito o correcto diagnóstico melhor é a sobrevida, com menos consequências, com menos complicações dos tratamentos.
Como é que se apresenta este tipo de cancro? O cancro da cabeça e pescoço toma esse nome e acaba por englobar uma série de cancros que têm algumas especificidades, mas que também têm aspectos em comum que é fazerem parte do termo técnico via aérea-digestiva superior. Também há factores de risco em comum. Dos mais frequentes para os menos frequentes temos cancro do lábio, boca, língua, cordas vocais (laringe), garganta (faringe), nariz, seios perinasais, ouvido e glândulas salivares.