Cartaxo é uma referência no ciclismo nacional
Marco Chagas, Vítor Milheiro e Pedro Afoito têm algo em comum: a paixão pela bicicleta.
Os três estiveram à conversa numa mesa-redonda no âmbito de uma exposição que está disponível no Museu Rural e do Vinho no Cartaxo. Presidente da câmara exultou conquistas de várias modalidades desportivas no concelho.
O ex-ciclista Marco Chagas juntou-se a Vítor Milheiro e Pedro Afoito numa mesa-redonda sobre “A Bicicleta: Trabalho, Desporto e Lazer”, tema da exposição patente no Museu Rural e do Vinho do Cartaxo. O Auditório da Quinta das Pratas, no Cartaxo, recebeu amantes do ciclismo e os autarcas do executivo municipal, incluindo o presidente João Heitor, para uma conversa animada sobre a paixão que os une: o ciclismo.
Marco Chagas, o português que mais vezes venceu a Volta a Portugal, é natural de Pontével, concelho do Cartaxo, e afirma que tenta ser o “porta-voz” dos corredores do concelho que já partiram e que escreveram as páginas do ciclismo nacional, como Alfredo Trindade, José Maria Nicolau e Francisco Valada. O campeão explica que “a História tem o seu peso, mas vai-se perdendo e todos temos responsabilidade nisso”, referindo-se sobretudo ao facto de ter doado o seu espólio há duas décadas à Junta de Freguesia de Pontével e até hoje ainda não ter saído do papel o prometido museu.
O homem que venceu por diversas vezes a Volta a Portugal, e que hoje é um reconhecido comentador de ciclismo, confessa que “quem anda a competir não tem tempo de olhar para a paisagem” e que viu mais de Portugal nos anos seguintes, ao fim da carreira, em 1990. Marco Chagas partilhou a história de dois irmãos a quem entregou bicicletas em Moçambique, há quatro anos, para irem para a escola, numa altura em que os jovens em Portugal estão cada vez mais sedentários e dependentes dos pais para se deslocarem.
Bicicleta é o transporte do futuro
Neste sentido, o presidente da Câmara do Cartaxo lançou o desafio aos pais para deixarem os filhos irem de bicicleta para a escola. João Heitor disse ainda que “faz sentido não só ter um museu do ciclismo, como um museu desporto”, uma vez que existem outras conquistas de modalidades no concelho como o atletismo. “Olho para a prática desportiva como uma forma de tornar as pessoas mais inteligentes, mais solidárias e acredito nos valores que o desporto passa. A bicicleta fez-nos evoluir como sociedade e o ciclismo é uma das modalidades com mais carga colectiva”, considerou.
Pedro Afoito, 48 anos, praticante de BTT e empresário, defendeu que a bicicleta é o transporte do futuro. “É preciso mudar mentalidades. Há vergonha de usar a bicicleta porque acham que está ligada ao estatuto social”, referiu. Vítor Milheiro, professor na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, gosta de viajar de bicicleta e já fez os Caminhos de Santiago 16 vezes. O segredo para cativar as crianças, revela, é estudar percursos bonitos, acessíveis e com distâncias ajustadas.