Artesanato é a actividade mais importante na Feira do Tejo em Vila Nova da Barquinha
A Feira do Tejo decorreu de 9 a 13 de Junho e contou com a presença de várias bancas de artesanato, gastronomia, actividades lúdicas e espectáculos musicais. O MIRANTE falou com duas artesãs com muitos anos de actividade que falaram sobre a sua arte.
Isabel Mação produz peças em croché e Leonor Tavares faz bonecas e ambas marcaram presença na Feira do Tejo em Vila Nova da Barquinha. O gosto pelo artesanato, o entretenimento e o aumento dos custos dos materiais e portes de envio foram alguns dos assuntos que assinalaram a conversa de O MIRANTE com as artesãs.
Isabel Mação faz croché desde criança, num altura em que as senhoras ensinavam as mais novas depois de saírem da escola. Frequentou o Bordado de Castelo Branco onde aprendeu a bordar e ganhou o gosto pela actividade. Mais tarde foi viver para Vila Nova da Barquinha, onde está há 36 anos, e trabalhou durante vários anos como babysitter e empregada de balcão. Reformada, ocupa o tempo a fazer croché. “Costumo dizer que é o meu anti-stress, a minha terapia. Quando estou chateada faço isto e esqueço os meus problemas”, confessa. “Rendas e Bordados” é o nome da sua banca que participa na Feira do Tejo há seis anos. A ideia do negócio surgiu numa brincadeira com colegas que decidiram mostrar ao público a sua arte. Isabel Mação partilha a sua banca com uma amiga e estão presentes noutras feiras ao longo do ano. A artesã confessa que gostava de divulgar a sua arte e incentivar os jovens a interessarem-se pelo ofício. “As rendas e bordados estão a cair em desuso e ninguém quer aprender, nem dão valor”, lamenta.
Os artigos que vende servem para decorar as mesas, a porta dos fornos, as casas-de-banho, as paredes, entre outros. Os preços variam entre os 10 e os 40 euros. O custo dos materiais, como o linho, aumentou bastante e influenciou o negócio, refere, acrescentando que não pode vender os artigos mais baratos para ter alguma margem de lucro. “Esta feira precisa de sangue novo. Estamos aqui para manter uma tradição para que não desapareça”, vincou.
Bonecas produzidas à mão
Leonor Tavares vende bonecas, imagens de Santo António, lápis e canetas enfeitadas. Há cerca de uma década começou a fazer bonecas com folha de E.V.A e massa de biscuit. A folha de E.V.A é um género de cartolina de borracha que é possível moldar em quente e biscuit é uma massa que a artesã compra com cores base e mistura para formar novas cores, é aquecida e moldada e após secar fica dura e não parte. A ideia surgiu quando Leonor Tavares viu uma folha de E.V.A numa papelaria e ficou curiosa com a sua função. Pesquisou na internet e percebeu que era utilizável em diversos trabalhos, incluindo as bonecas. Apesar de encarar a sua arte como um passatempo não esconde a satisfação de ver os seus clientes felizes e orgulhosos do seu trabalho que envolve “muita paciência, jeito e criatividade”.
Uma das maiores dificuldades do negócio é o preço dos materiais que aumentou bastante e são difíceis de encontrar online. Além de que “os portes de envio são caríssimos”, revela. Os preços dependem do artigo sendo que o mínimo são cinco euros e podem chegar aos 30 euros. Leonor Tavares participa na Feira do Tejo há cerca de oito anos.