Família de Alverca com filhos menores perde casa num incêndio
No centro de Alverca do Ribatejo uma jovem família ficou sem casa na sequência de um incêndio. Como solução foi-lhes oferecido pelo município de Vila Franca de Xira um quarto numa pensão, a dividir por quatro, para um fim-de-semana, com possibilidade de reavaliação. Uma oferta que rejeitaram. Um mês depois estão a viver da boa vontade de vizinhos.
Há praticamente um mês, Olga e Nelson Reis ficaram sem tecto depois de um incêndio, ao que tudo indica com origem num curto-circuito, ter destruído o apartamento onde viviam com os dois filhos de um e cinco anos, no centro de Alverca do Ribatejo. Ficaram praticamente com a roupa que tinham no corpo e electrodomésticos e algumas mobílias de quarto, embora danificadas pelo calor e fumo negro. Na sala, onde as chamas começaram, nada sobrou senão cinzas e destroços de mobília queimada.
Na sexta-feira, 19 de Maio, dia do incêndio, uma técnica da Câmara de Vila Franca de Xira informou-os que não há habitação social disponível e que para o efeito teriam que se candidatar pela via normal ao próximo concurso. Como solução, contam, foi-lhes oferecido um quarto pago numa pensão para os quatro ficarem durante o fim-de-semana. Uma oferta que decidiram não aceitar e que consideram desajustada para uma família com um bebé e uma criança e que inesperadamente perdeu a casa. “Se nos dissessem que era para ser até isto estar resolvido tínhamos aceitado”, assegura Nelson Reis. Desde então a família tem estado a residir temporariamente em casa de vizinhos, o que na opinião do jovem casal “não é vida para ninguém”, sobretudo para as crianças que precisam de estabilidade. Embora agradeçam a generosidade de quem os acolheu.
Mas a falta de tecto permanente, adivinham, não será assim tão temporária já que praticamente um mês depois ainda não foram apuradas as causas do incêndio que estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária. Depois têm ainda de esperar que o senhorio accione o seguro e faça as obras necessárias para tornar a casa habitável. “É muito complicado não ver soluções, não ver andamento nas obras”, lamenta Olga Reis, confessando que a situação está a ser ainda mais difícil para Santiago, de cinco anos, que ficou com trauma de incêndio.
Com o rendimento deste agregado familiar, a hipótese de conseguirem arrendar um apartamento é diminuta devido ao preço exorbitante das habitações no concelho de Vila Franca de Xira. Na cidade de Alverca, revelam, pediram-lhes mil euros por um T2, fora a caução e meses de renda adiantados. No apartamento onde residiam a renda era acessível por estar vinculada a um contrato de arrendamento antigo. Pelas dificuldades sentidas e pelo imprevisto que lhes aconteceu, não se conformam com a solução apresentada pelo município.
A Câmara de Vila Franca de Xira confirma que “foi proposto que a família ficasse numa pensão durante o fim-de-semana” por não haver nem habitação social nem vaga no Centro de Acolhimento de Emergência Social, e que esse apoio poderia vir a ter continuidade após avaliação. É dito ainda que o casal foi orientado para procurar alternativa habitacional, havendo possibilidade de apoio no pagamento de uma renda e mês de caução e que podiam ser apoiados em roupas e outros bens. A munícipe, acrescenta a câmara, tem marcação de atendimento para reavaliação e agilização dos apoios adequados e necessários ao agregado familiar.
Comunidade uniu-se para ajudar a jovem família
A tragédia que aconteceu à família Reis desencadeou uma resposta solidária por parte de vizinhos e amigos que angariaram bens e algum dinheiro para que pudessem recomeçar. Roupas e brinquedos para Santiago e Gustavo foram os bens mais doados. Olga e Nelson Reis continuam a aceitar o que lhes queiram entregar, sobretudo mobiliário para que possam rechear, de futuro, uma habitação.