Sociedade | 20-06-2023 10:00

Electroestimulação tem dado nova esperança à vida de Beatriz

Electroestimulação tem dado nova esperança à vida de Beatriz
Beatriz Morgado, de 11 anos, foi submetida, há cerca de cinco anos, a uma cirurgia onde lhe foram colocados electroestimuladores no cérebro que melhoraram a sua condição

Beatriz Morgado tem 11 anos e sofre de paralisia cerebral. Há cerca de cinco anos foi submetida a uma cirurgia em que lhe colocaram fios electroestimuladores no cérebro que proporcionaram uma melhoria gradual da sua condição.

O problema é que Pipoca, como é tratada pela família e amigos, regrediu no seu desenvolvimento depois de ter batido com a cabeça em Outubro do ano passado. Em Março foi operada para reparar os fios mas um deles só voltou a funcionar a semana passada. A família, residente em Vila Nova da Barquinha, aguarda agora que recomece a melhorar.

Zélia Galvão teve uma gravidez normal até às 34 semanas quando teve que ser internada com hemorragias. Beatriz nasceu uma semana depois. Apesar de prematura, aparentemente estava tudo normal e tanto Zélia como o marido, Nuno Morgado, eram o espelho da felicidade. Quando a bebé tinha quatro meses os pais começaram a perceber que não ficava sentada sozinha e não aguentava o peso da cabeça. Além disso, os braços estavam sempre em baixo. O médico que acompanhava a menina dizia que ela apenas não mexia um braço e encaminhou-a para a fisioterapia.
A mãe da menina conta a O MIRANTE que, em bebé, Beatriz engasgava-se a beber o leite pelo biberão e os pais decidiram levar a filha à terapia da fala. A terapeuta aconselhou a família, residente em Vila Nova da Barquinha, a ir a uma terapeuta ocupacional. “A terapeuta pensava que nós já sabíamos e disse-nos que a Beatriz tinha paralisia cerebral. Foi um choque. A consulta foi em Ferreira do Zêzere e ainda hoje não me recordo de ter feito o caminho de regresso a casa”, conta Zélia Galvão.
A mãe diz que passaram a viver o dia-a-dia e deixaram de fazer planos para o futuro. Apesar de Beatriz, de 11 anos, estar diagnosticada com paralisia cerebral o estudo genético realizado não indica essa condição. “O diagnóstico da nossa filha é paralisia porque apresenta todos os sintomas desse quadro, mas na realidade não sabemos se será mesmo porque o teste genético não deu positivo para a paralisia”, explica Zélia Galvão.
Beatriz começou a fazer fisioterapia intensiva aos dois anos e os resultados foram positivos. Aos seis anos foi submetida a uma operação em que lhe foram colocados electroestimuladores ligados ao cérebro. “Foi a criança mais nova a quem fizeram electroestimulação. Os médicos fizeram um estudo e perceberam que funciona para pessoas com paralisia cerebral e nós aceitamos que a Beatriz fizesse a cirurgia”, refere a mãe. Bia melhorou muito uma vez que tinha muito movimentos involuntários e acalmou.
O problema aconteceu em Outubro do ano passado quando a menina bateu com a cabeça num ferro de uma cadeira em casa. Com o embate os fios desligaram-se e a menina foi revertendo a sua condição. Não consegue estar sentada e precisa do apoio dos pais para tudo. Em Março foi operada para reparar os fios mas um deles só voltou a funcionar a semana passada. “A tendência agora será para melhorar porque os fios voltaram a funcionar. Temos esperança que com o tempo a Beatriz volte a melhorar”, afirma a mãe com esperança.

A importância de frequentar a escola
Beatriz frequenta o 5º ano e consegue escrever através de um computador. “Contas é que não são o seu forte mas não lhe podemos pedir tudo. Ela ir à escola já é muito importante e a minha filha percebe tudo o que lhe dizemos e consegue comunicar connosco”, reforça. Zélia Galvão deixou de trabalhar há cerca de quatro anos para apoiar a filha. Inicialmente, foi o pai, na altura desempregado, quem acompanhou os primeiros anos de vida de Beatriz.
Só com o ordenado de Nuno Morgado é difícil a família fazer face às despesas. O casal precisa de um automóvel adaptado para conseguir colocar a cadeira de rodas onde Beatriz se desloca. A menina também se desloca com regularidade a uma clínica em Espinho (distrito de Aveiro) onde faz terapias intensivas e revela sempre muitas melhorias. No entanto, os custos com a clínica também são elevados por isso a família de Pipoca une-se com regularidade para conseguir angariar dinheiro para que a menina consiga ter progressos.

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