Invasão de baratas é perigo para a saúde no concelho de VFX
Níveis de infestação de baratas na via pública, estabelecimentos, zonas comuns de prédios e apartamentos voltam a disparar em Alverca do Ribatejo e noutras zonas urbanas do concelho. Município de Vila Franca de Xira tem em marcha a habitual campanha de desbaratização, mas a praga é cada vez mais difícil de combater.
As pragas de baratas voltaram em força às zonas residenciais de Alverca do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira, para desconsolo dos moradores. Nas palavras de Elisabete Sá são autênticos “mares de baratas” que aparecem no prédio onde vive, na Rua Brigadeiro Alberto Fernandes. A moradora é apenas uma entre os vários residentes que se queixam de uma praga que atinge as principais ruas e avenidas da cidade, mas também de outras localidades do concelho como Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa e Vialonga.
Segundo Elisabete Sá, os insectos “começaram a aparecer em Abril quando vieram os primeiros dias de calor” e a praga tem piorado desde final de Maio e início de Junho. “Alertei a câmara, mas inicialmente desvalorizei até aparecerem em casa e na cama da minha filha”, diz, mostrando de seguida o cartão selado a fita-cola que pôs no respiradouro da casa-de-banho para evitar que as baratas entrem por ali, como viu acontecer. “Isto já é um problema estrutural, elas andam a circular na estrutura do prédio, ou seja, há já aqui muitos anos de desleixo”, afirma Elisabete que reside naquele rés-do-chão há cerca de três meses e contratou recentemente uma empresa de desbaratização para desinfestar o seu apartamento e as zonas comuns do prédio, estas com a concordância dos condóminos.
José Alberto Carvalho, morador uma rua acima, afirma que as baratas entram nas casas e nas escadas do prédio, “causando grande aflição, em especial às pessoas mais jovens” das famílias. “A realidade é assustadora, estamos a ser invadidos por baratas”, vinca residente na Avenida Capitão Meleças, sublinhando que já fez chegar a sua preocupação à junta de freguesia por mais de uma vez nos últimos dias.
Reclamações disparam com chegada do calor
As pragas de baratas são um problema comum por altura da Primavera e do Verão, sobretudo em zonas habitacionais com muita densidade populacional, o que também leva ao aumento do número de reclamações. Na União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho o número de reclamações tem subido nas últimas semanas, algo também justificado pelo início do plano de desbaratização levado a cabo pela Câmara de Vila Franca de Xira, explica a O MIRANTE o presidente de junta, Cláudio Lotra. “A desbaratização na via pública é de facto uma responsabilidade da competência da câmara municipal e por estarem a aplicar agora o produto muitas acabam por sair do sistema de esgotos e morrer na via pública. É sinal da intervenção”, afirma o autarca.
O presidente de junta refere ainda que a sensibilização da opinião pública é fundamental para se evitarem comportamentos que podem atrair esta e outras pragas urbanas e permitir-lhes prosperar. Como exemplo, Cláudio Lotra fala do erro, que continua a acontecer, da distribuição de restos de pão e outros alimentos pelas ruas com o intuito de alimentar pombos, que neste concelho são considerados uma praga permanente. “Quando estão a alimentar os pombos estão também a atrair outras pragas como ratos e baratas”, sustenta, alertando que as alterações climáticas, caracterizadas pelo aumento de temperatura têm vindo a agravar o problema e que da parte das entidades públicas “tem de haver adaptação” da contratação destes serviços.
Câmara diz que faz o que lhe compete
A Câmara de Vila Franca de Xira assegura na sua página na Internet que “desenvolve um trabalho contínuo na promoção da saúde pública através da desinfecção urbana regular e do controlo de pragas de ratos e baratas (entre outras) cujas acções são essenciais para reduzir os riscos da sua proliferação”. A campanha para 2023 iniciou a 31 de Maio e terminará a 11 de Julho, mas além destas acções programadas “acontecem ao longo do ano múltiplas acções pontuais de desinfestação, que ocorrem sempre que é identificada ou reportada essa necessidade podendo as mesmas ocorrer na via pública, junto a linhas de água, nas escolas públicas ou em equipamentos municipais”.
Transmissoras de bactérias que podem acarretar riscos
As baratas podem acarretar riscos para a saúde humana através da “contaminação de superfícies e objectos nomeadamente alimentos crus ou confeccionados”, podendo levar a “efeitos indesejáveis”, refere a O MIRANTE Paula Rodrigues, CEO da PestRochas, empresa de gestão de pragas, sediada em Alverca. Gastroenterite, infecção por salmonella ou escherichia coli são alguns dos problemas de saúde que podem surgir.
Segundo Paula Rocha a “disponibilidade de alimento ou água, acesso a um espaço apetecível e fornecimento de abrigo onde a reprodução e proliferação seja favorecida” são factores propícios ao desenvolvimento da praga. Também as alterações climáticas, com o aumento de temperaturas, se traduzem em condições “mais favoráveis” ao seu crescimento sendo cada vez mais “crucial uma monitorização mais atenta pelos profissionais do sector com vista a uma atempada e oportuna intervenção”. Além disso, sublinha, é fundamental contactar os “serviços municipalizados de Higiene Urbana para que seja desencadeada uma intervenção suplementar ao plano anual de gestão de pragas” que deve ser coordenada com uma acção privada.