GNR abre processo de averiguações a agressão em Salvaterra de Magos
Homem de 36 anos diz que estava a filmar desacatos na via pública, em Salvaterra de Magos, quando começou a ser espancado por três militares da GNR de Benavente. Ficou com uma rótula partida e vários hematomas, lesões que lhe custaram uma oportunidade de emprego. GNR abriu processo de averiguações ao alegado caso de violência excessiva por parte dos militares.
Cláudio Bernardino afirma ter sido agredido com violência por três militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) afectos ao Posto Territorial de Benavente, depois de se ter aproximado de desacatos que estavam a ocorrer na via pública, em Salvaterra de Magos, e ter começado a filmar com o telemóvel. Parte do episódio ficou gravado no aparelho. O caso ocorreu pelas 06h40 de 8 de Junho, na semana em que decorriam as festas daquela vila, e as agressões foram testemunhadas por vários moradores que começaram a gritar das suas varandas e por outros que estavam de passagem.
A GNR, questionada por O MIRANTE, refere que “após ter tomado conhecimento das alegações descritas pelo cidadão, materializadas em vídeo e veiculadas pelos órgãos de comunicação social foi determinada a abertura de um processo averiguações para melhor apuramento dos factos”. A Guarda confirma ainda a ocorrência dos desacatos e que para o local foram mobilizadas várias patrulhas “para garantir a tranquilidade e ordem pública” e que no “decurso da acção policial foi possível identificar alguns dos intervenientes, tendo sido os factos comunicados ao Tribunal Judicial de Benavente”.
Segundo Cláudio Bernardino, foi logo assim que começou a filmar que os três militares saíram do carro de patrulha, dirigiram-se a ele e o começaram a agredi-lo com um bastão extensível ordenando-lhe, ao mesmo tempo, que apagasse as imagens da altercação que tinha captado. “Quando caí no chão um deles continua a bater-me com o extensível, levo várias chapadas na cabeça, e um faz-me um mata leão que me deixou a dormir. Acho que só por isso é que pararam de me agredir”, conta a O MIRANTE o homem de 36 anos, que ficou com a rótula fracturada, lesões na tíbia e vários hematomas no corpo.
Assim que acordou, lembra-se de ver e ouvir um jovem junto a si a gritar que já não lhe voltavam a bater. “Entretanto apareceu outro militar, preocupado com a situação e perguntou-lhes o que me tinham feito. O que mais me agrediu, com o extensível, só gritava, com raiva, para que me levassem dali”, relata, acrescentando que apresentou queixa, a 15 de Junho, no Ministério Público.
Cláudio Bernardino foi transportado ao Hospital de Santarém, onde realizou vários exames que comprovam as lesões e ferimentos. Pelo que diz, terá que ser operado ao joelho, mas “só depois de a inflamação passar completamente”. A condição física em que ficou devido às agressões levou, afirma, a que perdesse o emprego: “Estava à experiência num novo trabalho quando isto aconteceu. Como tive que faltar já não me fizeram o contrato, até porque se for operado vou ter que ficar, diz o médico, algum tempo no hospital”.