Sociedade | 24-06-2023 15:00

Antigos vendedores vão voltar ao renovado mercado de Santarém com expectativas moderadas

1 / 8
Antigos vendedores vão voltar ao renovado mercado de Santarém com expectativas moderadas
2 / 8
Antigos vendedores vão voltar ao renovado mercado de Santarém com expectativas moderadas
3 / 8
Antigos vendedores vão voltar ao renovado mercado de Santarém com expectativas moderadas
4 / 8
Antigos vendedores vão voltar ao renovado mercado de Santarém com expectativas moderadas
5 / 8
Antigos vendedores vão voltar ao renovado mercado de Santarém com expectativas moderadas
6 / 8
Antigos vendedores vão voltar ao renovado mercado de Santarém com expectativas moderadas
7 / 8
Antigos vendedores vão voltar ao renovado mercado de Santarém com expectativas moderadas
8 / 8
Antigos vendedores vão voltar ao renovado mercado de Santarém com expectativas moderadas

Esperar para ver. Este é o fio condutor das opiniões de diversos vendedores do Mercado Municipal de Santarém que receberam a garantia do município de que podem continuar com o seu negócio de décadas nas renovadas instalações.

Todos querem agarrar essa oportunidade e ver como vai a cidade responder ao investimento feito no emblemático espaço, cujas obras estão quase concluídas.

São 11h00 de sexta-feira e o Mercado Municipal de Santarém, provisoriamente instalado há quase quatro anos junto à emblemática Casa do Campino, está longe de fervilhar de movimento, como acontecia em tempos idos. Os novos hábitos de consumo, decorrentes da proliferação de hiper, super e minimercados e a localização algo periférica e pouco frequentada não ajudam ao panorama, mas a tendência já se verificava no antigo e icónico mercado, em obras de requalificação e modernização.
Os 13 comerciantes com passaporte garantido pela Câmara de Santarém para regressarem ao renovado espaço esperam que o investimento municipal, superior a 2 milhões de euros, represente uma nova vida para o mercado e traga os clientes que foram desaparecendo paulatinamente ao longo das últimas décadas. Porque os últimos anos foram muito difíceis e ainda contaram com uma pandemia pelo meio que virou o mundo do avesso.
Alice Serra é a decana do mercado de Santarém. Tem ali banca há 57 anos e com nove décadas de vida não pensa deixar a venda de frutas, legumes e ovos. “Se me quiserem no mercado eu vou para lá; gostava de chegar a esse dia”, diz num fino fio de voz. A filha, Odete Colaço, também já vende no mercado municipal há mais de trinta anos. Comercializa pão, bolos, queijos, azeitonas e outros artigos alimentares e dá apoio à mãe num negócio que diz correr mal. Espera também ir para o novo mercado mas, quanto ao futuro, não alimenta grandes expectativas, embora obviamente gostasse que o espaço tivesse movimento e desse vida à cidade. Ali, junto à Casa do Campino, durante a semana o negócio está muito parado e só às sextas e sábados é que mexe mais, conta Odete Colaço, ressalvando que a falta de estacionamento junto ao requalificado mercado é um problema que vai continuar a subsistir e a reflectir-se na procura daquele espaço em relação às grandes superfícies.

“O negócio aqui está do pior”
A meio da manhã, os dedos de uma mão chegam para contar os clientes que entre as bancas, maioritariamente de venda de hortícolas e frutícolas, embora também ali se possa comprar pão, queijo, bolos, peixe e outros artigos. Nalguns dias da semana há vendedores que nem sequer montam banca, porque não vale a pena. “O negócio aqui está do pior, não vem aqui ninguém. Muito pior do que no mercado original, porque isto fica muito longe e as pessoas não vêm cá a pé. Vamos lá experimentar o novo mercado, se der muito bem, se não der vou-me embora”, atira, despachada, Antónia Lima, enquanto vai migando feijão verde que cresce na sua horta no Secorio. Queixa-se também da demora nas obras do antigo mercado: “Viemos para aqui por um ano e dia 1 de Agosto faz quatro que a gente está aqui”.
Rosa Ferraz vende frutas e legumes há 35 anos no mercado de Santarém e ali está sempre que pode, embora haja dias em que nem se estreia a facturar. Para compor os rendimentos faz também umas horas nas limpezas. Quer conhecer o novo mercado mas não entra em euforias. “Vamos ver como é. Logo se vê!”, diz. No mesmo sentido pronuncia-se Maria de Fátima Ladeira, que quer voltar para o mercado onde começou a vender há cerca de quarenta anos, esperando que o negócio corra melhor do que ali. “Os últimos quatro anos têm sido muito difíceis”, desabafa.
De palavra mais solta, Aldina Dias não espera milagres com o novo mercado, até pela questão da falta de estacionamento: “Aquilo já foi bom, agora já não vai…”, diz com cepticismo. Mesmo assim vai aproveitar a oportunidade: “Tenho que lá ir para ver, senão depois não sei contar nada...”, diz junto à banca de frutas e legumes do alto dos seus 47 anos como vendedora no mercado.
António Venâncio também vende hortícolas e frutas no mercado, mas há muito menos tempo, “vai fazer quatro anos”. Mas a mãe vendeu ali durante 60 anos. Quando apareceu o Covid assumiu ele o negócio. Diz que está tudo encaminhado para ir para o novo mercado. O negócio está muito fraco e gostava que melhorasse com a transferência para o modernizado mercado, mas tem dúvidas. “Deus queira que sim…”, diz.
O vendedor mais recente do improvisado mercado municipal é Manuel Duarte, que comercializa peixe fresco. Vem de Alcanhões e está a vender ali desde o início deste ano. Veio substituir o anterior vendedor, que transitara do mercado antigo. Não se queixa: “Não será tão bom como no mercado mas sempre se vende alguma coisa”. Gostava de ir para o mercado renovado, estando em negociações com a Câmara de Santarém nesse sentido.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1694
    11-12-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1694
    11-12-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo