Casa de São Pedro de Alverca pede ajuda à Segurança Social
Instituição de Alverca está com passivo a rondar o meio milhão de euros e precisa de ajuda imediata para honrar compromissos. Sindicato diz estar a receber relatos alarmantes da parte de trabalhadores. A direcção diz ter herdado contas no vermelho e que está a lutar para salvar a associação.
A Casa de São Pedro de Alverca (CSP) está numa situação financeira complicada com um passivo a rondar o meio milhão de euros e já formalizou o seu pedido para beneficiar do Fundo de Socorro Social da Segurança Social para não fechar portas. A nova direcção, liderada por António Baguinho, tomou posse há três meses, herdou a instituição com as contas no vermelho e está a lutar para ultrapassar a situação.
Ao que O MIRANTE apurou, do passivo constam cerca de 250 mil euros de dívidas a fornecedores e bancos e outros 150 mil euros à própria Segurança Social, devido a prestações auferidas a mais por terem sido englobados como utentes do centro de dia os utentes que estavam apenas em actividades como a hidroginástica.
Recentemente surgiram relatos na comunidade de problemas laborais na instituição, com mudanças de turnos e redução das compensações dadas aos trabalhadores. Helena Martins, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPS), confirma a O MIRANTE que já chegaram preocupações sérias ao sindicato, sobretudo ao nível da sustentabilidade financeira da CSP.
“A direcção pretende reduzir o encargo com a massa salarial e, além do corte do subsídio de turno, os trabalhadores que estavam na unidade de demências perderam o prémio que compensava a penosidade das suas funções”, refere a dirigente. Segundo o sindicato, os trabalhadores estão sem receber os retroactivos da actualização salarial de 2022, a actualização salarial de 2023 com efeitos a Janeiro e o subsídio de férias também ainda não foi pago. “Há trabalhadores que já iniciaram as férias e não receberam”, alerta a dirigente, dizendo que a instituição e os trabalhadores precisam de ajuda.
Em causa estão 82 ajudantes de acção directa, sem contar com os restantes trabalhadores da secretaria, cozinha, técnicos e motoristas, que apoiam mais de uma centena de utentes nas estruturas de lar, estrutura residencial para utentes com demência e dependentes, centro de dia, serviço de apoio domiciliário e cantina social. A sindicalista avisa que há situações em que chega a haver um funcionário ao serviço para atender a 25 utentes.
A sindicalista refere que o eventual encerramento da CSP representará “uma perda brutal” na comunidade. O sindicato está a ponderar realizar uma acção de rua. “Será um grito a pedir ajuda porque a situação está insustentável. Os trabalhadores estão num esgotamento fisico e psicológico tal que as pessoas não aguentam. Estão nos seus limites”, teme.
Cuidados aos idosos não estão em causa
Contactada por O MIRANTE, a direcção da instituição confirma que herdou uma situação financeira grave a que é alheia e que está a lutar para a resolver. “Quanto ao relato do último ordenado ser pago a dia 29, ainda bem que pagámos, foi o que conseguimos, se os trabalhadores estão receosos é evidente, até nós direcção estamos, por isso recorremos ao Fundo de Socorro; era inevitável e julgamos que fizemos bem”, explica.
Sobre a falta de pessoal e a existência de um trabalhador para 25 utentes, a direcção garante que foi um caso pontual devido à baixa de 20 trabalhadores, “o que é muito estranho”. Para a direcção, dizer que existe apenas um trabalhador para 25 utentes “é armar confusão e dar uma má imagem da CSP”, lamentando que seja dado cobertura a quem, “sem rosto, faz esses relatos”. A direcção da instituição diz ter detectado um pequeno grupo de trabalhadoras “que não cumpre com o código de ética da instituição e publicam informações deturpadas nas redes sociais, grupo já identificado”.
A direcção confirma que saíram recentemente quatro trabalhadores da instituição mas que, entretanto, já foram admitidos cinco novos trabalhadores para suprir as necessidades. A nova gestão da CSP diz estar a negociar com os trabalhadores, com o conhecimento do sindicato, fornecedores e a banca para tentar reduzir as despesas e aumentar as receitas.
Fonte dos trabalhadores, ouvida por O MIRANTE, também garante que apesar das dificuldades o cuidado aos idosos não está posto em causa e que o empenho dos funcionários a tratar quem ali se encontra se mantém apesar das dificuldades.