Comerciantes de Vila Franca de Xira a ver passar os comboios
A ampliação da rede ferroviária em Vila Franca de Xira, com impactos cuja dimensão ainda não é totalmente conhecida, está a mexer com a cidade e os comerciantes da zona afectada dizem que falta informação sobre o que está para vir.
Mesmo assim há opiniões para todos os gostos. Há quem veja nesse projecto uma oportunidade de a cidade se regenerar e quem rejeite a ideia de ter de relocalizar o seu negócio.
A quadruplicação da linha de comboio em Vila Franca de Xira exige a desapropriação de terrenos e imóveis ao longo da ferrovia, o que pode resultar na deslocação forçada de pessoas e negócios locais. O MIRANTE conversou com alguns dos comerciantes mais antigos da Rua Serpa Pinto, situada junto à passagem de nível, em Vila Franca de Xira, e as opiniões dividem-se. Em comum todos sublinham desconhecer o projecto da empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP), tirando o que se lê nos notícias dos jornais.
“Soube por terceiros, desconhecia. Mas vai mexer com o negócio, lojistas e senhorios. Mas tenho de saber mais para ter opinião”, disse ao nosso jornal Miguel Gomes, que deu continuidade à ourivesaria da família e que está naquela rua há 55 anos. Também Teresa Levezinho, da retrosaria que está há 41 anos na Rua Serpa Pinto, diz pouco saber excepto o que os clientes comentam que veio no jornal. Mas diz que não concorda em sair dali para outro local.
Oficialmente, Joaquim Morais, que tem uma drogaria há 64 anos, também não sabe de nada, mas diz não concordar com a deslocalização da estação de comboio. “Vila Franca está acabada e daqui a pouco não é nada. É a única localidade no concelho onde se paga estacionamento e as pessoas afastam-se. Se me derem uma indemnização para sair daqui fechava a porta”, lamenta o comerciante.
Na opinião de João Lucas Santos Henriques, que tem um pronto-a-vestir há 51 anos, as mudanças são necessárias para haver progresso. E isso inclui a alta velocidade. “Demolir e reconstruir é óptimo para Vila Franca, porque é uma coisa nova que se vai fazer. O que não concordo é se pensarem em tirar a estação de comboio da cidade e fazer um apeadeiro, isso é asneira”, vinca. Com poucos clientes, o comerciante só sai dali para encerrar o negócio.
O café Flor do Tejo, junto à estação, terá que ser deslocalizado. A O MIRANTE o proprietário remeteu uma posição para quando for informado oficialmente pela IP.