Sociedade | 28-06-2023 10:00

Inseguranças de quem acaba uma licenciatura e vai entrar para o mercado de trabalho

Inseguranças de quem acaba uma licenciatura e vai entrar para o mercado de trabalho
Alunas do Instituto Politécnico de Santarém apresentaram relatório final de curso e conquistaram excelentes notas

O MIRANTE conversou com duas alunas do Politécnico de Santarém que terminaram a licenciatura para avaliar o seu estado de alma em relação ao futuro. Entrada no mercado de trabalho preocupa, mas a insegurança combate-se vivendo um dia de cada vez.

Mafalda Machado é natural da Amadora e decidiu ir estudar para Santarém depois de não ter conseguido vaga em Lisboa. A desilusão por não ter entrado na primeira opção acabou por ser das melhores surpresas que lhe aconteceram na sua vida, que ainda leva apenas 22 anos. “Embora tenha sido por acaso, foi das melhores escolhas que fiz. Adoro a cidade e a simpatia das pessoas. Vou ter saudades”, confessa a O MIRANTE, numa conversa realizada na Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico de Santarém (IPS), no dia em que apresentou o relatório final da licenciatura em Produção Multimédia em Educação.
Todos os dias fazia mais de duas horas de viagem de comboio, ida e volta, para estudar e preparar o futuro. A falta de habitação para arrendamento a custos controlados na cidade obrigou-a a esta logística, algo de que não se arrepende tendo em conta os momentos de convívio e, por vezes, de desabafo que tinha com as colegas de turma durante as deslocações. Mariana Machado diz que foi gratificante a experiência académica no IPS e que se sente mais preparada para abraçar os seus projectos futuros. “Este curso tinha uma componente prática muito interessante que era complementada com a teoria. Embora já tenha trabalhado no passado sei que quando entrar definitivamente no mercado de trabalho o choque não vai ser tão grande”, refere.
A maior aventura da sua vida foi durante o estágio curricular, que desenvolveu em Cabo Verde. Trabalhou dois meses no departamento de comunicação da Universidade de Santiago. Conheceu a ilha de uma ponta a outra, mas garante, em jeito de brincadeira, que só era turista ao fim-de-semana. No futuro próximo Mafalda Machado vai candidatar-se a um mestrado na área da comunicação, mas quer trabalhar ao mesmo tempo para ir ganhando competências e adaptar-se ao mercado de trabalho. “Sinto algumas inseguranças, mas vou tentar construir a minha vida em Portugal, embora não descarte a possibilidade de me tornar emigrante se não existirem oportunidades”, salienta.

Viver dois anos em Santarém
Cristiana Correia é da Moita do Ribatejo, na Margem Sul, e viveu dois anos em Santarém. Embora tenha gostado da cidade, ao ponto de afirmar que via com bons olhos a sua permanência, optou por regressar a casa no último ano para aproveitar mais tempo com a família. “Foi muito bom viver aqui. Conheci bem a cidade e deu para perceber como as pessoas têm um estilo de vida e uma personalidade característica. Fiz algumas amizades com senhores e senhoras que têm estabelecimentos de comércio local. O melhor que levo são mesmo as pessoas”, vinca.
Cristiana Correia não tem problemas em admitir que está muito receosa em relação ao seu futuro, assumindo que está apreensiva com a mudança que irá ter nos próximos meses, quando tiver de trabalhar para conquistar a sua autonomia. “Vai ser um choque, mas vou ter de agarrar as oportunidades que o mercado de trabalho tiver para me dar. Não vou ingressar, para já, num mestrado porque primeiro quero perceber qual a minha vocação”, afirma a O MIRANTE, numa conversa realizada minutos depois da sua apresentação.
Cristiana Correia e Mafalda Machado consideram fundamental a persistência e dedicação para vingar no mercado de trabalho, mas destacam ainda um outro factor que não pode, nem deve, ser descartado: “se queremos ser bem-sucedidas, seja como funcionárias ou empresárias, temos que fazer a diferença em tudo o que nos envolvemos”, sublinham.

Diferença de salários entre licenciados e com ensino secundário caiu para mínimos

Um relatório realizado pela Fundação José Neves dá conta que a diferença salarial entre jovens que concluíram o ensino superior e o ensino secundário passou de 50% em 2011 para 27% em 2022, atingindo assim “mínimos históricos”. A perda do poder de compra nos jovens, devido à inflação, contribuiu para a diminuição dos salários entre os jovens qualificados, revela o estudo.
Por outro lado, houve um ganho salarial associado ao mestrado, em comparação com a licenciatura, que subiu de 10% em 2011 para 19,3% em 2022, atingindo assim o maior valor de sempre registado pela Fundação José Neves. A recuperação do emprego pós-pandemia foi total entre os jovens com ensino superior, enquanto que a taxa de desemprego dos que são menos qualificados foi de 18%, cinco pontos percentuais acima do verificado em 2019. O relatório da Fundação José Neves intitula-se “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal”.

Curso dá resposta às exigências digitais

O curso Produção Multimédia em Educação tem como objectivo formar profissionais capazes de responder às exigências da sociedade digital, com um conhecimento aprofundado sobre o universo contemporâneo da produção multimédia, com especial foco no seu cruzamento com a educação para a cidadania global. O Ciclo de Estudos proporciona uma sólida formação em competências digitais e em audiovisuais e produção para os media, num quadro de atitudes, valores, conhecimentos e comportamentos conducentes ao exercício pleno da cidadania capaz de dinâmicas de intervenção e transformação social para um mundo inclusivo e com práticas cada vez mais desmaterializadas. As saídas para o mercado de trabalho são várias, nomeadamente em contextos de educação formal e não formal, IPSS, ONG, autarquias, escolas, museus, bibliotecas, entre muitas outras.

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