Atropelamento ferroviário mortal alerta para falta de segurança no apeadeiro de Vila Nova da Rainha
Jovem perdeu a vida ao ser colhida por um comboio depois de ter ido a uma entrevista de emprego num dos grandes armazéns da Plataforma Logística de Azambuja. Sindicato dos Trabalhadores do Comércio alerta para o atravessamento frequente da linha de comboio por trabalhadores e apela às empresas que encontrem uma solução.
Uma jovem, na casa dos 30 anos, morreu na segunda-feira, 26 de Junho, ao ser colhida por um comboio no apeadeiro de Vila Nova da Rainha, depois de ter ido a uma entrevista de emprego num dos armazéns da Plataforma Logística de Azambuja. A morte trágica desta jovem deve ser encarada, na opinião de Ricardo Mendes do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), como um alerta para um perigo diário enfrentado por muitos trabalhadores dos grandes armazéns de logística instalados naquela zona.
“Foram para esta zona uma série de novas empresas e novas naves, nomeadamente da Sonae” o que aumentou em larga escala o número de trabalhadores que viajam de comboio e que “em vez de irem pela Estrada Nacional 3, que também é perigosa, optam por atravessar a linha de comboio até aos armazéns”, refere o sindicalista a O MIRANTE.
Diariamente, sobretudo entre as 07h00 e as 08h00, “dezenas de trabalhadores atravessam a linha de comboio em passo acelerado”, acrescenta, sublinhando que as entidades responsáveis, desde as empresas à Câmara de Azambuja, têm conhecimento da situação e nada fazem para encontrar uma solução. Uma das soluções que tem vindo a propor passa pela aposta, por parte das empresas, em transportes colectivos organizados de modo a que os trabalhadores que se deslocam de carro ou comboio possam depois apanhar transporte até à porta das empresas onde laboram.
Ao que O MIRANTE apurou, no momento em que foi colhida, a jovem já tinha atravessado a linha e estaria a tentar subir para a plataforma de acesso ao apeadeiro que tem cerca de 1,2 metros de altura. Antes de o conseguir fazer acabou por ser mortalmente colhida, na extremidade lateral da linha, por um comboio intercidades que atinge a velocidade de 120 km/hora. A vítima fazia o percurso acompanhada por um jovem que não sofreu ferimentos.
Autarca de Vila Nova da Rainha fala em necessidade urgente de vedar a zona
Contactado pelo nosso jornal, o presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova da Rainha, Bruno Borda d’Água, considera que há perigo constante naquela zona, junto aos armazéns da Modis, e que a zona devia ser vedada obrigando as pessoas a fazer o atravessamento da linha através da passagem pedonal superior. “Enquanto tivermos aquele terreno aberto é um perigo para as pessoas. Aquele local é extremamente perigoso, sobretudo quando passam comboios a alta velocidade”, apontou, acrescentando que aquando da instalação daquela empresa a Câmara de Azambuja devia ter exigido que fosse feito um passeio vedado a desembocar na passagem de nível para assegurar a segurança dos peões.
O autarca acrescenta ainda que em tempos chegou a existir naquele local um guarda de passagem de nível e que mais recentemente a vedação que ali existia foi “cortada”, possivelmente por trabalhadores das empresas da plataforma logística, para ali poderem atravessar. “A manutenção daquela rede não é feita”, lamenta.
De acordo com o Comando Sub-regional da Lezíria do Tejo da Protecção Civil o alerta para o atropelamento ferroviário foi dado às 09h44 e para o local foram mobilizados os Bombeiros de Azambuja, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação do Hospital de Vila Franca de Xira e a GNR. A circulação de comboios foi suspensa no sentido norte-sul.