Sociedade | 02-07-2023 18:00

Cancro de pele deixou de ser uma doença rara

Cancro de pele deixou de ser uma doença rara
Dermatologista João Aranha alerta para cuidados a ter com o sol sobretudo durante os meses de Verão

Dermatologista João Aranha, médico há 35 anos, diz que o cancro de pele aumentou entre 20 a 30% nas últimas duas décadas e alerta para os riscos da exposição solar sem as devidas precauções. Sublinha a importância de se estar atento ao corpo e ao aparecimento de novos sinais e considera que a utilização de solários é prejudicial à saúde.

Os casos de cancro de pele aumentaram entre 20 a 30% nas duas últimas décadas. A informação é do dermatologista João Aranha, médico há 35 anos no Hospital Distrital de Santarém e com consultórios na Chamusca, Santarém e Torres Novas. O médico recorda que quando começou a trabalhar e aparecia um caso de cancro de pele os especialistas chamavam os colegas para ver porque era uma doença rara. “Agora já ninguém chama os colegas porque é algo que se vê com muita frequência”, afirma a O MIRANTE, acrescentando que as pessoas estão mais cientes da importância de proteger a pele, existe muita informação credível mas não atingimos um ponto ideal de protecção do sol. “Nem sei se alguma vez atingiremos esse ponto ideal de consciência da necessidade de proteger a pele”, destaca.
O sol pode estar mais perigoso mas as pessoas também se expõem mais, o que aumenta a probabilidade de ter cancro de pele. Há 50 anos eram menos as pessoas que iam à praia. Agora as pessoas vão com mais frequência e por isso são necessários maiores cuidados. Além disso, os escaldões apanhados há 20 anos, por exemplo, podem reflectir-se mais tarde. É por isso necessário, refere João Aranha, que as pessoas estejam atentas ao seu corpo e aos sinais que vão aparecendo ou crescendo. “É importante ter em atenção a alteração do aspecto do sinal. Sinais mais planos, mais escuros e maiores devem merecer mais atenção do que outros. Os sinais maus têm tendência a inflamar mais”, alerta.
O médico explica que pessoas com pele clara, olhos claros que apanharam muito sol e vários escaldões têm mais riscos de ter cancro de pele mas ninguém está isento de riscos. Também há cancro de pele na raça negra, por exemplo. “É importante observarmos o nosso corpo porque nem sempre detectamos todos os sinais sobretudo os que estão nas costas. Embora não seja dos cancros mais frequentes, o cancro de pele deixou de ser raro e aparece mais vezes. Cada pessoa tem que tomar cuidados”, sublinha.
João Aranha diz ser fundamental evitar a exposição solar nas horas de maior calor, não só para evitar cancro de pele mas também evitar o envelhecimento da pele. A colocação de protector solar várias vezes por dia também é importante para proteger a pele. O médico conta que costuma receitar chapéus sobretudo para os homens protegerem a cabeça calva porque muitos desvalorizam a importância de proteger essa zona do corpo.
Em contraponto, também há doenças que melhoram com a exposição moderada ao sol, como é o caso da psoríase e algumas inflamações da pele. E o sol também tem benefícios como 15 a 20 minutos por dia é óptimo para fazer síntese de vitamina D assim como melhora o humor e a saúde em geral com os dias de sol.

Os efeitos negativos dos solários

Para João Aranha a existência de solários em Portugal não faz sentido porque temos muitos dias de sol por ano. “É uma radiação prejudicial e estudos comprovam que existem situações de cancro de pele que são derivados da utilização de solários. Quem tem negócios de solário podia mudar de ramo e quem gasta dinheiro em solário poderia aproveitar para gastá-lo noutro lado. Não faz bem à saúde”, alerta.
O médico defende que um diagnóstico precoce é fundamental por isso cada pessoa deve estar atenta ao seu corpo, fazer um auto-exame e em caso de dúvida pedir uma opinião especializada. O facto de haver falta de profissionais no Serviço Nacional de Saúde e utentes sem médico de família pode prejudicar e atrasar o diagnóstico. Em caso de suspeita é fundamental que vá a uma consulta de recurso no médico de família ou, caso tenha dinheiro, ir a uma consulta no privado. “O importante é que não deixe passar muito tempo sem saber o diagnóstico”, sublinha.
Para quem pratica nudismo é importante ter cuidado com a exposição das partes mais íntimas nos primeiros dias e evitar escaldões uma vez que a pele pode não estar adaptada. De resto não existe problema em apanhar sol em todo o corpo. O médico deixa alguns conselhos para os meses de Verão, que teve início a 21 de Junho: resguardarmo-nos nas horas de maior calor, cuidar da saúde em geral, beber bastante água, nos dias em que se transpira mais evitar consumir muitas bebidas alcoólicas e fazer refeições leves.

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