Excesso de trânsito na EN 10 causa mais poluição em VFX que actividade industrial
Excesso de gases e partículas em suspensão na Estrada Nacional 10, em particular nos troços urbanos de Vila Franca de Xira e Alverca, continua a gerar alertas, revela estudo sobre a qualidade do ar no concelho. A indústria já não é o principal foco de poluição mas sim os automóveis.
O ar que se respira no concelho de Vila Franca de Xira está de boa saúde e recomenda-se à excepção das zonas próximas da Auto-Estrada do Norte (A1) da Estrada Nacional 10 (EN10), entre a Póvoa de Santa Iria e Vila Franca de Xira, onde ainda se registam elevadas concentrações de gases e partículas em suspensão.
Ainda que os valores detectados estejam abaixo dos limites diários definidos por lei, o excesso de automóveis na EN10 continua a ser o principal foco de poluição e o problema merece um olhar atento. O alerta foi deixado por Francisco Ferreira, coordenador científico do estudo de reavaliação da qualidade do ar no concelho realizado pelo Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Universidade Nova de Lisboa.
De 2005 até hoje a qualidade do ar no concelho tem vindo a melhorar substancialmente mas no caso do principal foco de poluição, a EN10, deve-se à evolução tecnológica dos automóveis que se tornaram menos poluentes e não tanto por causa de medidas concretas tomadas no terreno para solucionar o problema, revelou o estudo apresentado na tarde de 20 de Junho, em Alverca.
“Continua em cima da mesa o alerta para a necessidade de procurarmos reduzir o peso do transporte individual rodoviário e mobilizar os modos suaves e transporte colectivo. Isso continua a ser essencial. Deve continuar a constituir uma preocupação para Vila Franca de Xira a necessidade de reduzir o tráfego dos eixos principais que atravessam o concelho, sobretudo a EN10, onde as pessoas estão mais expostas aos poluentes”, alerta Francisco Ferreira a O MIRANTE.
A Organização Mundial de Saúde está a fixar valores-guia muito mais restritos para virem a ser cumpridos em breve e a União Europeia está a produzir nova legislação relativa à qualidade do ar. “Vila Franca de Xira não é, comparativamente com outras cidades aqui perto e até o centro de Lisboa, das piores, mas deve manter a preocupação com este tema”, alerta o professor.
O estudo da qualidade do ar, feita ao longo de dois anos com recurso a 46 locais de amostragem e uma estação móvel de recolha de dados, confirmou que a indústria já não é o principal foco de poluição mas sim os automóveis, com o dióxido de azoto e as partículas em suspensão por veículos diesel a serem os principais poluentes no ar. “Detectámos algumas zonas de tráfego na EN10 com concentrações elevadas de partículas em suspensão. Os níveis de dióxido de azoto, associados à combustão dos automóveis, têm valores elevados e merecem um acompanhamento contínuo”, alerta o responsável. O centro da cidade de Vila Franca de Xira, em particular a Rua Luís de Camões e todo o atravessamento da cidade de Alverca, são os locais mais poluídos.
Indústria não incomoda
O estudo revela ainda que a indústria tem mantido os valores de emissões dentro do permitido por lei e que as concentrações de dióxido de enxofre, muito ligado à queima de combustíveis na indústria, são extremamente baixos. “Não estamos a dizer que a indústria não levanta problemas de qualidade do ar, poderá levantar, mas apenas de forma esporádica porque nesta amostragem não detectámos essa situação”, explica.
A vice-presidente do município, Marina Tiago, congratulou-se pelo estudo revelar melhorias na qualidade do ar no concelho mas alertou para a necessidade da comunidade olhar com atenção para a temática e tentar trocar o automóvel por meios de deslocação mais amigos do ambiente que permitam reduzir os impactos naquele que é o principal troço rodoviário do concelho.