Movimento contra quadruplicação da ferrovia em VFX promete luta cerrada
Meia centena de moradores de Vila Franca de Xira e Alhandra participaram num encontro promovido pelo movimento popular “Em defesa de Vila Franca de Xira” para aprovar uma posição comum e prometer novas formas de luta.
A Câmara de Vila Franca de Xira e as juntas de freguesia não estão a fazer o suficiente para travar o projecto proposto pela Infraestruturas de Portugal (IP) de quadruplicar a linha ferroviária do Norte que atravessa VFX e Alhandra e por isso só resta serem os cidadãos a lutar pelo seu bem-estar e contra um projecto que, avisam, vai desfigurar as duas localidades. A convicção foi manifestada por várias vozes na noite de 20 de Junho, na sessão pública promovida no Clube Vilafranquense pelo movimento popular “Em defesa de Vila Franca de Xira”, que agrega cidadãos, autarcas, dirigentes associativos e movimentos cívicos de todos os partidos.
O movimento juntou meia centena de pessoas para aprovar uma posição conjunta onde são feitas três exigências: que sejam conhecidos em detalhe os estudos que fundamentam a opção apresentada recentemente pela IP - que inclui entre outras consequências a destruição de dezenas de árvores e da estação de Alhandra e a eliminação de parte do Jardim Constantino Palha em VFX - e que sejam conhecidas ou estudadas alternativas. Entre elas estão, por exemplo, a ponderação de um traçado autónomo de alta velocidade fora do canal da Linha do Norte que faça ligação directa ao Oriente fora da malha urbana do concelho, a possibilidade de enterramento da linha entre VFX e Alhandra e até a possibilidade de terminar totalmente a linha de alta velocidade a norte de VFX. O terceiro ponto é a maior certeza que o movimento reclama: a suspensão imediata do actual projecto.
Protestar cortando a linha
Carlos Patrão, do movimento Ciradania, avisa que o projecto, a avançar, “será um duro golpe” para as duas localidades e que é do interesse da comunidade que seja “abandonado de imediato”. Entre as ideias lançadas pela comunidade de realizar um referendo, promover protestos nas reuniões de câmara e nas assembleias municipais e de freguesia, houve uma ideia que cativou a audiência, lançada por Fernando Palha: “Aquilo não pode passar. Devíamos boicotar a Linha do Norte, sentarmo-nos na linha e obrigar os comboios a parar pelo menos uma vez por mês para chamar a atenção que a cidade, toda junta, não quer isto”, disse, perante efusivos aplausos.
Já António José Matos, ex-presidente da Assembleia de Freguesia de VFX, defendeu que a cidade está a ser pouco ambiciosa: “Devíamos era aproveitar esta oportunidade para estudar uma alternativa que pudesse tirar todos os comboios do centro da cidade. VFX tem de ter futuro, não pode ser isto. Esta é uma oportunidade que não podemos perder”, apelou.