Autarcas da Lezíria assumem Colónia da Nazaré em cisão com Médio Tejo
Há 12 anos 19 municípios da Lezíria e do Médio Tejo criaram uma associação para assumirem os edifícios da extinta Assembleia Distrital de Santarém.
A Colónia Balnear da Nazaré, encerrada em 2009, tem sido a maior dor de cabeça e chegada a altura em que esperar mais pela recuperação do espaço já é mais do que um mau exemplo, os autarcas do norte do distrito começaram a saltar fora. Os da Lezíria assumiram agora o leme, responsabilizando-se pelas obras e pelo pagamento e ficam a gerir o equipamento naquela que é a maior divisão institucional entre norte e sul do distrito de Santarém.
O projecto da Colónia Balnear da Nazaré está a provocar uma cisão entre os municípios do Médio Tejo, no norte do distrito de Santarém, e os do sul agregados na Lezíria do Tejo. As posições extremaram-se por causa dos investimentos necessários para recuperar o imóvel e colocá-lo ao serviço da região com os autarcas do Médio Tejo a manifestarem que não estão interessados em contribuir. A situação chegou ao ponto em que os municípios da Lezíria se chegaram à frente e assumiram o projecto, para não deixarem o processo arrastar-se mais no tempo, o que pode significar uma oportunidade perdida.
Os municípios da Lezíria do Tejo decidiram na reunião da Associação de Municípios do Vale do Tejo, constituída pelas câmaras das duas comunidades para gerir a colónia e o edifício do arquivo distrital, em Santarém, que pertenciam à extinta assembleia distrital, que vão assumir as obras na colónia. A ideia é a associação fazer um empréstimo para a intervenção, que deve rondar os sete milhões de euros, e as câmaras da Lezíria darem o aval à entidade bancária, contando esse compromisso para a sua capacidade de endividamento. Em contrapartida os 11 municípios ficam com o direito de explorarem a colónia balnear durante 50 anos.
O presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) e da Câmara de Almeirim, em declarações a O MIRANTE, diz que foram colocados vários cenários e que esta foi a solução mais viável para o impasse. Pedro Ribeiro explica que os 19 municípios do distrito de Santarém que fazem parte da associação continuam a fazer parte da mesma, embora em condições diferentes. O autarca sublinha que quem não entrar no projecto de recuperação da colónia pode continuar a aceder à mesma mas não nas mesmas condições de quem assumiu o investimento.
A CIMLT vai tentar encontrar financiamento para as obras. E quem não quiser entrar agora e vier a manifestar a intenção de fazer parte da solução, depois de se obter financiamento, terá de entrar com uma participação financeira consoante a sua dimensão populacional. Pedro Ribeiro garante que os municípios do Médio Tejo podem utilizar a colónia em condições de prioridade em relação a outras entidades, mas terão de pagar. O autarca presidente da CIMLT revela que até início de Julho a Lezíria ainda vai esperar que alguma câmara do Médio Tejo repense e resolva aderir.
Pedro Ribeiro diz que a intenção para a colónia, numa das zonas com a melhor vista da Nazaré, é que esta sirva prioritariamente jovens e idosos da região. Prevêem-se mais de 100 lugares de alojamento. Nos períodos em que a lotação não estiver esgotada é possível alugar-se espaços a outras entidades ou, por exemplo, a surfistas. A colónia foi inaugurada em 1941. Serviu para alojar os chamados “retornados” das ex-colónias, entre 1974 e 1980. Depois de obras de modernização e ampliação serviu para a Ocupação de Tempos Livres conferindo-lhe uma vertente de solidariedade social e de reinserção social para crianças e idosos carenciados do distrito de Santarém. Por não cumprir as normas de higiene e segurança está fechada desde 2009.