Sociedade | 08-07-2023 10:00

“A estupidez incomoda-me profundamente”

“A estupidez incomoda-me profundamente”
Alexandre Lyra Leite fundou a Inestética que é há 13 anos a companhia residente do Palácio do Sobralinho

A Inestética, associação cultural de Novas Ideias, está a celebrar 32 anos de actividade ininterrupta. Alexandre Lyra Leite recebeu O MIRANTE no Palácio do Sobralinho para falar do passado, presente e futuro da companhia. Para além de desvendar o sonho de criar uma fundação para apoiar jovens artistas o encenador fala do abstracto como uma disciplina dos seus espectáculos e diz que a poesia é a matriz de todo o seu trabalho.

Alexandre Lyra Leite recebeu O MIRANTE no Palácio do Sobralinho para falar do passado, presente e futuro da companhia, que sonha poder vir a transformar-se numa fundação para apoiar jovens artistas. Tenta marcar o público em todas as suas peças e critica a falta de apoios nacionais à cultura lembrando que os artistas sem segurança laboral passam mais tempo apavorados com as contas para pagar do que com o seu próprio trabalho. Defende a construção de cubos artísticos no concelho de VFX para captar novos artistas e evoca a poesia como a musa inspiradora de todos os seus trabalhos.

Receberam pela primeira vez um apoio a quatro anos. Sentem o peso da responsabilidade? O nosso orçamento quadruplicou. É um justo reconhecimento pelo nosso trabalho abrangente, da ópera ao teatro, performances, artes visuais, dança, música, cinema. Criamos objectos artísticos singulares no panorama local e regional. Este apoio permite dar sustentabilidade à estrutura para termos mais recursos humanos e envolver mais artistas. Assegura estabilidade que normalmente as estruturas artísticas não têm.
É difícil ter uma companhia profissional sem o apoio do Governo? Sim. A precariedade que durante décadas os artistas têm sentido é dramática. A tentativa de criar um estatuto para profissionais das artes é o caminho. Eles são pessoas como as outras. Precisam de planear a sua vida com o mínimo de previsibilidade. Se lhes retirarmos isso eles passam mais tempo apavorados com o que se segue do que a dedicar-se à sua profissão. Espero que o Estado compreenda cada vez mais a especificidade deste sector, a importância dele para a economia e a importância que a cultura tem para afirmar o país no mundo.
Concorda com a subsídio-dependência destas estruturas? Não é subsídio-dependência, é um investimento. À volta da cultura existem empresas, pessoas e profissionais que fazem mexer a economia. A democratização do acesso à cultura e às artes está consagrado na constituição. É graças a esses apoios que podemos praticar preços dos bilhetes acessíveis. Ver uma ópera por sete euros só é possível porque o estado financia.

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