Festa dos Tabuleiros nasce das mãos e da alma do povo de Tomar
Tomar está em festa até 10 de Julho com ruas ornamentadas, animação, cortejos e música para todos os gostos. A comunidade trabalhou meses na preparação de mais uma Festa dos Tabuleiros, que se realiza de quatro em quatro anos.
A população de Tomar meteu mais uma vez mãos à obra para decorar as ruas da cidade durante a Festa dos Tabuleiros, que está de regresso quatro anos depois. Na tarde de sábado, 1 de Julho, na Rua Dr. Joaquim Jacinto, mais conhecida como Rua da Sinagoga, preparam-se os últimos ornamentos para engalanar a rua. O tema é a Mata dos Sete Montes e os voluntários não escondem o orgulho em que a rua seja apreciada por centenas de milhares de pessoas. O tema desta rua é sempre relacionado com uma personalidade ou património de Tomar porque “nós amamos a nossa cidade”, confessa Leonor Ferreira. Na Rua Dr. Joaquim Jacinto é recriado o portão da mata, o jardim francês, o jardim formal, alguns monumentos da mata e a mata selvagem tendo sido utilizadas centenas de remas de papel.
Os preparativos começaram em Outubro e desde a Páscoa que o trabalho tem vindo a ser desenvolvido por um grupo de voluntários que trabalham todas as noites e fins-de-semana para preparar a rua mais comprida do centro histórico de Tomar para a maior festa da cidade. “Estamos completamente esgotados, mas vale a pena”, afirma a organizadora da rua, acrescentando que prescindem de férias, fins-de-semana e de tempo com a família. Leonor Ferreira refere que numa das edições da Festa dos Tabuleiros muitos alunos do Instituto Politécnico de Tomar apareceram à noite para ajudar.
Dada a extensão da rua da Sinagoga, antes só parte da artéria era decorada, mas há três edições Leonor Ferreira decidiu desafiar os moradores e desde então decoram a rua toda. “É uma loucura porque é a mais comprida e não há assim tantos moradores”, sublinha. Este foi o ano em que menos moradores contribuíram, mas muitas pessoas de fora vieram ajudar como amigos, vizinhos de amigos e moradores de outras partes da cidade. Apesar de existirem 50 voluntários para a ornamentação da rua apenas cerca de 30% participa activamente. Todos os anos há uma entidade que ajuda sendo que há quatro anos foi o Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria e este ano é a instituição CIRE que tem ajudado a fazer as folhas das árvores e alguns animais da Mata dos Sete Montes.
“Esta festa é do povo”
Leonor Ferreira está ligada à Festa dos Tabuleiros há cerca de 25 anos tendo já levado o tabuleiro uma vez no grande cortejo. “Esta festa significa uma grande emoção, coração e entrega total”, refere a organizadora da rua. Na família de Leonor a festa começa com a tradição do almoço de família na passagem da saída das coroas, ao domingo, e com as colchas à janela. As suas três filhas também já participaram em edições anteriores, no Cortejo dos Rapazes, a levar a cesta ou o tabuleiro consoante a idade.
A Festa dos Tabuleiros é muito importante para a comunidade tomarense, sendo Património Imaterial de Portugal, levando centenas de milhares de pessoas à cidade de quatro em quatro anos. “Esta festa é do povo. Se não fosse a comunidade de Tomar, a boa vontade e o espírito de festa, não existia a Festa dos Tabuleiros. É um trabalho tremendo da Comissão Central da Festa dos Tabuleiros e da comunidade por isso tem de haver muito respeito pelas pessoas que trabalham e se entregam, prescindindo da vida pessoal, para a grande festa”, sublinha Leonor Ferreira, acrescentando que das imensas horas de voluntariado resulta um convívio muito bom entre as pessoas.