População de Assentis foi à assembleia municipal exigir melhores serviços na saúde
Mais de cem pessoas foram à Assembleia Municipal de Torres Novas exigir a colocação de um médico e manifestar a sua discordância com a deslocalização dos serviços de saúde para a cidade. Presidente do município aponta como solução a implementação do projecto Bata Branca, financeiramente mais atractivo para os médicos.
A população de Assentis deslocou-se em dois autocarros disponibilizados pela junta de freguesia à Assembleia Municipal de Torres Novas para exigir melhores condições no acesso aos cuidados de saúde primários. Na Extensão de Saúde de Assentis há cerca de três mil utentes sem médico de família atribuído e muitos dos que vivem naquela freguesia não têm condições de mobilidade para se deslocar à cidade de Torres Novas para tentarem ser atendidos na Unidade de Saúde Familiar (USF).
O presidente da Assembleia de Freguesia de Assentis, João Miguel Silva, foi o primeiro a tomar a palavra para manifestar a sua discordância sobre a extinção do pólo de saúde em Assentis através da sua integração na USF Cardillium. “Parece-nos que não é justo para estas populações ficarem sem os serviços de saúde de proximidade, que são essenciais quer pela idade quer pela distância”, afirmou, apelando de seguida à revisão da reorganização dos serviços de saúde no concelho.
“Lamento o estado a que chegou a saúde em Portugal e a freguesia de Assentis não é excepção. Há anos que ando a mendigar junto de vós e do ACES e até agora sem qualquer resultado”, afirmou o presidente da Junta de Assentis, Leonel Santos. O autarca vincou ainda que a Câmara de Torres Novas tem que se sentir responsável por um problema que é de todos e que o presidente do município, Pedro Ferreira, “devia ter mais empenho na resolução”.
Pela mesma linha de discurso entrou Manuel Soares, membro da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo ao afirmar que a Câmara de Torres Novas tem responsabilidades assim como tem a Administração Regional de Saúde (ARS). Dirigindo-se ao presidente do município, lamentou que este não faça a mesma pressão para conseguir médicos e melhores condições de saúde para a população como faz para que o novo aeroporto vá para Santarém.
Lembrando que já foram fechadas as extensões de saúde da Meia Via, Pedrógão, Ribeira e Fungalvaz e que as de Assentis e Chancelaria não têm médico de família ao serviço, Manuel Soares defendeu a deslocalização de médicos das Unidades de Saúde Familiar às aldeias, onde “centenas de pessoas não têm transporte e não se podem mover”.
Município interessado no Bata Branca para minimizar problema
As acusações sobre a falta de empenho foram recusadas pelo presidente do município que deu nota dos esforços que tem feito para tentar atrair médicos para o concelho e garantiu, dirigindo-se a Manuel Soares, que não é por defender a ida do aeroporto para Santarém que deixa de estar preocupado com as questões da saúde. “Nunca vai ter mais vontade do que eu para resolver este problema”, vincou o autarca socialista.
Pedro Ferreira adiantou ainda que tem estado a estudar a possibilidade da implementação do Bata Branca, projecto que permite a contratação de médicos, inclusive reformados, através de acordos de cooperação com a ARS e IPSS. Nesse sentido, prosseguiu, já se inteirou do modelo, que permite aos médicos receber até 42 euros por hora, e lançou o repto ao provedor da Misericórdia de Torres Novas. Apelou ainda aos presentes que se conhecerem um médico interessado em integrar o projecto para informarem o município.