Festas das aldeias estão cada vez mais na moda
Durante quatro dias a azáfama é grande. Cerca de uma centena de voluntários ajudam na organização das Festas da Moçarria, no concelho de Santarém, que decorreram entre 30 de Junho e 3 de Julho. Em média passaram cerca de sete mil pessoas pelo recinto. A Comissão de Festas aposta forte no cartaz musical e é na zona de restauração que angaria mais dinheiro.
Sara Botelho tem 83 anos e é voluntária nas festas da Várzea, Moçarria e Perofilho, todas do concelho de Santarém. Natural de Rio Maior, vive na Várzea. É voluntária nas festas da Moçarria, que decorreram de 30 de Junho a 3 de Julho, há cerca de seis anos. O MIRANTE encontrou-a na cozinha a cortar carne para fazer carne de porco à alentejana. Diz que gosta de ajudar e detesta estar fechada em casa. “Vivo sozinha, se estivesse sempre fechada em casa não tinha a energia e boa disposição que tenho. Aqui uma pessoa distrai-se e fica alegre. É cansativo mas faço por gosto”, conta Sara Botelho com um sorriso rasgado.
A seu lado está Carla Cardoso, 48 anos, que foi ajudar pela primeira vez. Reformada por invalidez devido a um cancro de mama, Carla Cardoso confessa que foi a própria que se ofereceu como voluntária porque, admite, cansa-se de estar em casa. “Aqui estou distraída, converso com as minhas colegas de cozinha, estou entretida e o tempo passa rápido. São três dias cansativos mas felizes”, refere a O MIRANTE.
O recinto de festas da Moçarria está bem assinalado. As pequenas bandeirolas coloridas que enfeitam o espaço superior, e o palco ao fundo, não dão azo a enganos. Do lado esquerdo está a cozinha e pelas 17h00 de sexta-feira a azáfama já é grande. Dezenas de voluntárias preparam a comida que vão servir nesse jantar. As mesas já estão postas e prontas para receber os visitantes. Fátima Bernardo, 59 anos, está a arranjar e a tirar as peles dos frangos que mais tarde vão para temperar. Os frangos para assar têm um tempero especial que dá um sabor diferente à carne. Mas ninguém conta qual é o segredo. O frango assado é o prato de referência mas também há caracóis, moelas e outros petiscos. Bela Martinho, 57 anos, orienta as voluntárias para o trabalho a fazer, que vai variando consoante as necessidades. A ajudante de acção educativa já ajuda nas festas há mais de 20 anos. Ainda se recorda das festas decorrerem no largo da igreja. No novo recinto foi sempre voluntária na cozinha. “Durante os quatro dias de festa só vejo a fila do restaurante para perceber a quantidade de comida que vamos servir. São quatro dias duros, que me tiram o sono porque fico ansiosa para que tudo corra bem”, diz.
Dinheiro angariado é para investir na conclusão do recinto das festas
Miguel Carvalho é o presidente da Comissão de Festas há cerca de seis anos. Desde que a sua equipa tomou posse deram continuidade ao trabalho até então desenvolvido e apostaram na construção do recinto das festas. Já existia o espaço da quermesse e o palco também já estava construído. Aos poucos foram construindo o bar e no espaço onde funciona a parte de restauração e cozinha só falta fechá-lo com janelas e portas. Além disso, falta terminar a estrutura definitiva da cozinha e construir casas-de-banho.
O dinheiro que angariam durante as festas, e também nas tasquinhas, que decorrem em Setembro, e onde têm um espaço, é para investir nas obras de conclusão do recinto. “As Festas da Moçarria são o evento do ano da freguesia. Felizmente, as festas das freguesias estão cada vez mais na moda. Temos alojamentos turísticos e rurais que têm sempre clientes nesta altura porque as pessoas de Lisboa e arredores vêm para cá nesta altura porque gostam do ambiente das festas”, referiu.
Envolvimento dos jovens é garantia de continuidade
Em média passaram cerca de sete mil pessoas pelo recinto durante os quatro dias de festa. Miguel Carvalho, que trabalha na área de Marketing e Comunicação da Santa Casa da Misericórdia de Almeirim, explica que quando termina uma festa começam logo a pensar na próxima e nos artistas a convidar. Fazem uma grande aposta na música apesar da grande fonte de receita ser a restauração. “Os jovens da terra estão muito mobilizados para dar continuidade à festa. Orgulha-nos cativar os jovens e sentir a sua disponibilidade e vontade para ajudarem a pôr de pé as festas”, realça o presidente da Comissão de Festas.
As festas têm um investimento de cerca de 50 mil euros. Além do apoio da Câmara de Santarém e da Junta de Freguesia da Moçarria, têm também muitos patrocinadores que ajudam a que a festa seja considerada uma das melhores do concelho. São os voluntários e elementos da Comissão de Festas que servem às mesas e fazem de tudo um pouco para que nada falte.