Ex-secretário da Junta de Santiago de Montalegre ainda não devolveu os 135 mil euros que desviou
Oposição socialista na Assembleia de Freguesia de Santiago de Montalegre fez denúncia à Inspecção Geral de Finanças e considera que, para além de toda a responsabilidade criminal que venha a ser apurada, importa que sejam igualmente apuradas responsabilidades políticas.
Os cerca de 135 mil euros que o anterior secretário da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre, concelho do Sardoal, assumiu ter desviado da autarquia para utilizar numa aplicação financeira ainda não foram devolvidos. Pedro Carreira prometeu devolver o dinheiro quando o desfalque foi descoberto mas nunca chegou a fazê-lo. Foi a presidente da junta, a social-democrata Dora Santos, que deu pela falta de dinheiro que terá sido usado por Pedro Carreira durante o anterior mandato.
Pedro Carreira e um empresário de Vila de Rei foram detidos a 14 de Dezembro de 2022 por suspeita dos crimes de peculato e falsificação e aguardam o desenrolar do inquérito com liberdade condicionada, divulgou na altura a Polícia Judiciária. Ao antigo secretário da Junta de Santiago de Montalegre foi decretada a proibição de contacto com a presidente e a tesoureira e de se aproximar da junta. O empresário ficou ainda obrigado a apresentações três vezes por semana às autoridades. A PJ garantiu na altura que os dois detidos estavam fortemente indiciados de peculato e de falsificação tendo lesado a Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre em cerca de 135 mil euros.
Em Outubro do ano passado Dora Santos confirmou a O MIRANTE “movimentos financeiros suspeitos” na junta de freguesia que dirige e denunciou o caso à Polícia Judiciária, que esteve nas instalações da junta a recolher informações. Pedro Carreira, o número dois da lista do PSD que venceu as eleições autárquicas em 2021, disse na mesma altura a O MIRANTE que os mais de 100 mil euros que retirou dos cofres da junta seriam devolvidos durante o mês de Outubro do ano passado. O que nunca aconteceu. Pedro Carreira tem o curso de Economia tirado no ISEG, em Lisboa, e é director administrativo numa empresa de Vila de Rei.
Entretanto, em Fevereiro deste ano, os eleitos do Partido Socialista na Assembleia de Freguesia de Santiago de Montalegre fizeram uma denúncia à Inspecção Geral de Finanças (IGF) que respondeu afirmando que está a investigar o caso sendo que ainda não houve acusação por parte do Ministério Público. O presidente da concelhia socialista disse na altura querer ver apuradas, além das responsabilidades criminais, todas as responsabilidades políticas. “Para além de toda a responsabilidade criminal que venha a ser apurada nesta investigação, importa que seja igualmente apurada a responsabilidade relativa ao exercício dos cargos políticos por parte dos restantes elementos do executivo nos mandatos abrangidos pelo período da investigação, designadamente 2017 a 2022, sendo evidente a sua negligência ao ponto de não acautelar a preservação do património da junta de freguesia designadamente a totalidade do seu património financeiro”, afirmou Pedro Duque.
O MIRANTE contactou a presidente da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre, Dora Santos, para mais esclarecimentos sobre o assunto mas até ao fecho desta edição não obteve qualquer resposta.