Pedro Cera lamenta que o grupo de teatro Gruta Forte ainda não tenha direito a uma sala própria
Pedro Cera lamenta que em 20 anos o Gruta Forte ainda não tenha direito a uma sala própria para apresentar as peças de teatro ao público. O encenador do grupo do Forte da Casa é critico quanto à criação de um teatro municipal e considera que o Cegada podia ter feito mais.
Os anos passam e O Gruta Forte – Grupo de Teatro Amador do Forte da Casa, continua sem espaço para poder ensaiar condignamente e ter um palco para poder apresentar as suas peças. Este ano o grupo completa duas décadas de vida e continua sem perceber como é que a vila do Forte da Casa é o único sítio do concelho de Vila Franca de Xira sem uma sala de espectáculos. O colectivo já visitou possíveis localizações com a Câmara de Vila Franca de Xira e Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa. Mas o futuro equipamento até à data não passa de uma ambição.
Os ensaios continuam a acontecer todas as terças-feiras e quintas-feiras das 21h00 às 23h00, no rés-do-chão de um prédio de apartamentos num espaço cedido pelo município. A programação foi sempre regular ao longo dos anos e actualmente o grupo conta com um elenco a rondar 15 pessoas. Os actores têm as suas profissões na área da saúde e educação e alguns trabalham por turnos. Por causa da falta de um palco o grupo trabalha em parceria com outros colectivos teatrais e associações. O Gruta Forte orgulha-se de já ter subido ao palco em todas as salas do concelho.
O presidente da direcção e encenador do Gruta Forte, Pedro Cera, reitera que o colectivo não trabalha por encomenda nem por simpatia política. Sempre fez questão de manter a sua independência. “A câmara não tem de me obrigar a estrear uma peça de palco com um texto dramático. A autarquia também não obriga um jovem grafiti a quem paga muito dinheiro para pintar 30 paredes por ano. Então se a câmara não tem dinheiro ele não pinta?”, assinala Pedro Cera.
Tal como os restantes grupos de teatro considerados amadores o apoio monetário é atribuído pela câmara no âmbito do apoio ao movimento associativo. O cálculo da verba que cabe a cada grupo é feito mediante uma fórmula, além de outros critérios que estão regulamentados. Mas para a vice-presidente do Gruta Forte, Sara Mendes, é difícil perceber como só foram aumentados em dez euros de um ano para o outro quando há grupos que foram majorados em três mil euros. “O cálculo da verba alocada a cada companhia não é claro. Pedimos uma reunião ao associativismo para perceber como foram feitas as contas e não disseram nada. Recebemos pouco mais de 7.500 euros”.
Além da produção teatral o grupo aposta na animação de rua. O ano passado gastaram dois mil euros em roupa e calçado temático para participarem na Feira Quinhentista da Póvoa e comemoração das invasões francesas no Forte da Casa. Também foram convidados pela Câmara de Santarém para participarem em iniciativas de rua e inaugurações.
O Cegada podia ter feito mais
Na opinião de Pedro Cera não faz sentido a criação de um teatro municipal na medida em que “seria mais uma desculpa para meia dúzia de amigos terem sempre trabalho”. Já em Alhandra, o encenador defende a reconstrução do antigo Teatro Salvador Marques, que está devoluto, para albergar a companhia de teatro Esteiros. “Os teatros não são das terras, são aquilo que colocarmos lá dentro. É preciso é que as pessoas não tenham ideias megalómanas e utopias. A cultura é multifacetada. O público é que decide. Não é um técnico superior que diz o que presta ou não e que cria regras sentado ao computador”, reitera.
Pedro Cera esteve na génese da criação do Cegada Grupo de Teatro de Alverca e considera que é o público que perde com a cessação da actividade. “Servirá a quem souber tirar ilações disso. Fico triste. A Inestética faz o que faz. O Cegada podia ter feito mais para sabermos o que era aquilo”.