Sociedade | 19-07-2023 10:00

A rebeldia do rock é a arte de não vender a alma ao diabo

A rebeldia do rock é a arte de não vender a alma ao diabo
Jorge Bicho é um dos rostos dos Speedemon, que também tem na formação Bruno Bento, Diogo Pereira e Nuno Sousa

A 13 de Julho o planeta une-se para celebrar, alto e bom som, o Dia Mundial do Rock. Uma corrente musical à base de guitarras eléctricas que tem muitas variantes para todos os gostos.

Do rock mais corrente dos Rock2Night, de Salvaterra de Magos, à nova variação de speedmetal e trash dos vilafranquenses Speedemon, o rock recusa-se a morrer às mãos das novas modas e reinventa-se todos os dias.

O rock é rebeldia, um estilo de vida, um alter-ego onde se pode expressar todos os sentimentos, medos, paixões e angústias do dia-a-dia. A convicção é de Jorge Bicho, 50 anos, natural de Vila Franca de Xira, um dos fundadores dos Speedemon, uma banda de temas originais que reinterpreta as raízes originais do rock numa vertente sonora de heavy metal e speedmetal. O que, traduzido por miúdos, significa um rock acelerado a quase 200 batidas por minuto.
Os Speedemon foram fundados há 12 anos na zona de A-dos-Loucos, Alhandra, e têm vindo a captar a atenção de vários palcos nacionais, internacionais e festivais, como o Rainbow Rock Fest, o Barroselas Metal Fest e, mais recentemente, o Wacken Open Air, na Alemanha, onde tocaram para 120 mil pessoas. Uma experiência “íncrivel e única” que os membros da banda portuguesa tão cedo não esquecerão. Mais que não seja pela viagem de 36 horas de autocaravana entre Vila Franca de Xira e a Alemanha, que ainda deu para compor novas músicas pelo caminho. Os Speedemon têm também feito a abertura de várias bandas de metal que estão em digressões pela Europa.
“Nunca pensámos vender a alma e tocar um rock mais ligeiro para ganharmos mais dinheiro. A nossa música tem de ser verdadeira. Preferimos andar a vida toda a fazer isto”, explica Jorge Bicho a O MIRANTE. Para o guitarrista, o rock tocado pelo grupo é “à flor da pele, com muita garra”, onde a banda dá tudo o que tem em palco. O músico, que começou em criança a tocar piano e que secretamente sempre foi um apaixonado pelo género mais pesado, diz que muita gente ainda tem preconceitos com quem ouve speed metal. “Somos pessoas pacíficas como as outras mas que gostam de coisas extremas, têm gostos extremos na vida, não ligados à violência, ao contrário do que as pessoas pensam. A nossa música não é violência, é diversão pura e deriva das raízes do rock. É acima de tudo uma distracção para o mundo real e transporta-nos para outros universos”, conta a O MIRANTE no estúdio onde a banda ensaia, na Castanheira do Ribatejo.
Jorge Bicho gosta de rock, blues e hard rock e além dele a banda é composta também por Bruno Bento (Brutus) na voz e guitarra (que foi um dos fundadores da banda), Diogo Pereira (Diley) no baixo e Nuno Sousa (China) na bateria. Todos têm os seus empregos e tocam fora de horas. Jorge Bicho é publicitário.
O primeiro single da banda viu a luz do dia em 2011 (“Blackbull”). Seguiu-se um EP com quatro temas em 2015 (“First Blood”) e, em 2019, o primeiro álbum, “Hellcome”. Os Speedemon estão já a trabalhar no segundo disco e são também os co-organizadores do festival Massacre Metal Fest em A-dos-Loucos, juntamente com a União Desportiva e Columbófila Adoslouquense, que já vai para a oitava edição e está agendada para 4 de Maio de 2024.
“VFX sempre teve uma forte tradição de bandas e basta lembrar que os Vasco da Gama, que é considerada a primeira banda de heavy metal do país, foi aqui criada”, recorda Jorge Bicho, que diz que o sonho é continuar a tocar nos palcos nacionais e em cada vez mais países europeus. “Sempre com a bandeira de Vila Franca de Xira ao peito”, promete.

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