População volta a reclamar obras urgentes em escola de Vialonga
Trabalhos na Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos de Vialonga continuam a ser uma miragem e os pais e professores desesperam. Abaixo-assinado com seis centenas de assinaturas foi entregue no Parlamento e na Câmara de Vila Franca de Xira.
A Escola Básica dos 2º e 3º ciclos de Vialonga (EB2,3) chegou ao seu limite e seis centenas de pessoas estão fartas do estado de degradação a que a escola chegou e subscreveram um abaixo-assinado exigindo que as obras prometidas há década e meia finalmente se concretizem. O abaixo-assinado foi entregue na última reunião da câmara de Vila Franca de Xira por representantes do conselho geral do Agrupamento de Escolas de Vialonga e pela associação de pais. Também já foi remetido a todos os grupos parlamentares representados na Assembleia da República.
O documento, que reforça a “necessidade imperiosa” de realização de obras naquela escola, recorda que o estabelecimento de ensino foi inaugurado em 1988 e nunca recebeu obras. Desenhada para 600 alunos a escola tem hoje 1.097. “Existe amianto na nossa escola que tem falta de salas de aula, cobertura de rede, salas de apoio ao estudo e outras actividades”, criticou Ana Lídia Cardoso, presidente do conselho geral do agrupamento de escolas, momentos antes de entregar o abaixo-assinado a Fernando Paulo Ferreira, presidente do município.
“Lembro que os alunos têm de se deslocar para fora da escola para as aulas de educação física e de orquestra com todos os custos e perigos que daí advêm. Há mais de 20 anos que se prometem obras e nada se fez até agora”, criticou a responsável. Os representantes da comunidade escolar voltaram a apelar à Câmara de Vila Franca de Xira para que faça todos os esforços junto do Ministério da Educação para que a obra avance.
“A escola não se coaduna com as necessidades dos nossos dias. Os estores, portas e algumas casas de banho foram arranjadas mas a escola não precisa de pensos rápidos. Precisa de uma intervenção de fundo, uma nova visão, porque a escola dos nossos dias não é de 1988. A escola onde hoje trabalho é igual à escola onde fui aluna em 88”, criticou.
Sem obra e sem dinheiro
A escola de Vialonga é uma das 13 destinadas a intervenção prioritária no país mas apesar de já ter projecto pronto, feito e pago pelo município, continua sem ter dinheiro do Estado para avançar. Fernando Paulo Ferreira garante que Vila Franca de Xira foi o primeiro município a formalizar a candidatura junto da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo, entidade que está a coordenar o processo, para que a obra avance. A ideia é que os municípios se substituam ao Estado nos trabalhos sendo depois ressarcidos. O problema é que continua a não haver dinheiro para a obra, como O MIRANTE já tinha noticiado.
“Da conversa que tive com a CCDR não fiquei com uma indicação clara sobre quando esse processo estará concluído mas continuaremos a acompanhar”, prometeu Fernando Paulo Ferreira. O autarca garante que Vila Franca de Xira está “absolutamente preparada” para lançar o concurso da obra logo que o Estado confirme que a candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) foi aprovada e que o dinheiro fica disponível. “A minha expectativa é que durante este ano esse assunto fique desbloqueado para lançarmos o concurso. Mas vamos ver”, notou.
No final do ano passado, recorde-se, o município custeou trabalhos de 100 mil euros na escola para remendar problemas urgentes que estavam a prejudicar ainda mais a vida dos alunos e professores, como estores avariados, vidros partidos nas salas de aula e problemas com casas-de-banho.
À Margem / Opinião
Escola de Vialonga: números que sabem a pouco
A freguesia de Vialonga, com mais de 22 mil habitantes, é a terceira maior do concelho de Vila Franca de Xira. Numa escola com mais de mil alunos seria de esperar que muito mais gente aderisse a colocar o seu nome e dar mais peso a um abaixo-assinado relevante como este, promovido pelo conselho geral e a associação de pais. Assim, as seis centenas de nomes que rubricam o documento sabem a pouco. Resta saber se por puro alheamento da comunidade, face ao estado deplorável daquela escola, se por o documento ter sido feito à pressa ou se, com o passar dos anos, as gentes de Vialonga simplesmente se terem cansado de bater na mesma tecla e realizar protestos que parecem ser sucessivamente ignorados pelos políticos de Lisboa.
Filipe Matias