Presidente da Nersant em final de mandato ainda acerta contas com os seus dois antecessores
Domingos Chambel, presidente da Nersant, continua a bater nos seus antecessores, José Eduardo Carvalho e Maria Salomé Rafael, dizendo que quer deixar a Nersant sem as despesas parasitárias dos últimos 20 anos de gestão. António Campos, ex-director executivo, é acusado de ser irresponsável e de querer enriquecer à custa da associação.
Domingos Chambel, o presidente da Nersant eleito em 28 de Julho de 2020, acabou de tornar público que vai resolver em tribunal o despedimento por justa causa de António Campos, acusando-o de ter muitas falhas no seu mandato e de o ter boicotado na tentativa de o prejudicar. Uma das acusações aparentemente mais ridícula de Domingos Chambel é a de acusar o antigo director executivo de lhe ter pedido um “plano de contingência”, e de ele nem sequer lhe ter respondido. Uma outra, tanto ou mais surpreendente pela caricatura, é a acusação a António Campos de ter omitido até 15 de Dezembro que não tinha dinheiro suficiente para pagar os subsídios de Natal, acusando-o, com esta atitude, de lhe querer “tirar o tapete”. Por causa desta situação diz que o director executivo tinha falta de organização e acusa-o de boicote ao seu trabalho.
António Campos é ainda acusado de oportunismo, de “querer enriquecer à custa da Nersant”, e de “inventar” para ter motivos para o despedimento por justa causa. A série de acusações e de atordoadas sobre o ex-director executivo não acabam aqui e parecem fazer parte de um ajuste de contas que Domingos Chambel faz numa entrevista ao jornal Correio do Ribatejo, dias depois da assembleia geral da associação em que apresentou as contas de 2022 na presença de meia dúzia de associados.
A forma despudorada e caceteira como assumidamente Domingos Chambel fala do seu trabalho desde que assumiu a presidência parece indicar que está agora a iniciar o seu mandato, como se os quase três anos de trabalho não tivessem história. Os principais alvos da sua intervenção pública continuam a ser decisões dos dois antigos presidentes da associação, José Eduardo Carvalho e Maria Salomé Rafael, que ainda andam na berlinda e são pretexto para Domingos Chambel afirmar que acabou com tudo o que eram “despesas parasitárias” das antigas direcções, apontando esse facto como a coisa mais importante que quer deixar do seu legado. Fala em processos com 20 anos, que eram despesas fixas, e que agora “estão fechadas”, mas só cita um, que é o caso de uma assessoria na área da comunicação que foi assinado há duas décadas, e não esclarece onde é que José Eduardo Carvalho e Maria Salomé Rafael foram incompetentes na comparação com aquilo que foi o seu trabalho neste primeiro mandato. O MIRANTE também só tem conhecimento de uma outra avença com a sociedade de advogados Morais Leitão, que Domingos Chambel também desvalorizou e mandou para o cesto dos papéis.
Curiosamente Domingos Chambel não esclarece que tipo de gestão está a implementar, depois de já ter perdido cerca de 15 colaboradores; não responde na entrevista ao facto de ter perdido um vice-presidente pelo caminho, de ter feito gato-sapato de um membro da sua direcção, José Coimeiro, que é um dos maiores accionistas da Nersant Seguros, e faz tabu sobre a sua recandidatura ao lugar, mesmo tendo passado já a data limite para a realização das eleições para os novos corpos gerentes da Nersant.
Uma foto à traiçao
O MIRANTE sabe que tanto José Eduardo Carvalho como Maria Salomé Rafael estão de costas voltadas para Domingos Chambel, acusam-no de se aproveitar da relação de amizade, para abusar da confiança, mas não é previsível que respondam publicamente às atordoadas do actual presidente da Nersant. O último episódio de aproveitamento da imagem de José Eduardo Carvalho e de Maria Salomé Rafael foi uma foto usada numa revista da associação, que Chambel aproveitou para se mostrar, noticiando a sua eleição para um cargo da CIP. A foto é de um jantar de despedida de António Saraiva da presidência da CIP, que decorreu no Estoril, e cuja organização das mesas juntou os representantes de cada região. Foi essa foto que Domingos Chambel pediu à organização do jantar para ilustrar a capa da revista da Nersant, que dá a entender, entre sorrisos e alinhamentos, tudo o que contrariam as declarações públicas que desvalorizam e atacam o trabalho dos seus dois antecessores na direcção da Nersant.
Opinião
João Paulo Narciso: um jornalista a trabalhar em morte cerebral
O Correio do Ribatejo publicou uma entrevista com o presidente da Nersant que só faltou ser impressa a tinta vermelha para vermos como as palavras dos dois cromos pingam sangue.
Não é normal um jornalista criticar, ou abordar sequer, a qualidade editorial do trabalho de um jornal concorrente. Esta é a excepção que confirma a regra. A entrevista que o director do Correio do Ribatejo, João Paulo Narciso, realizou e publicou na passada semana com o presidente da Nersant, é um frete que o jornalista merece levar para a cova. Por isso denuncio aqui alguns erros crassos do seu trabalho merdoso, que espelha aquilo que ele foi como profissional na satisfação da encomenda. Metade da conversa publicada é sobre o conflito de Domingos Chambel com o ex-director executivo da Nersant e com O MIRANTE e a empresa Terra Branca; a outra metade é pólvora seca para justificar o tamanho das espingardas dos dois protagonistas. Só faltou ao jornalista pedir à gráfica que imprimisse as páginas da entrevista a vermelho para podermos ver como as palavras dos dois cromos pingam sangue.
O jornalista faz a pergunta sobre a demissão do vice-presidente da direcção, João Lucas, mas não tem lá a resposta; perguntou sobre o despedimento de 15 funcionários e também não tem lá a resposta; dá voz ao arruaceiro para ele dizer que acabou com os parasitas dos últimos 20 anos na Nersant, mas só cita O MIRANTE; questiona sobre os empréstimos do presidente, mas não pergunta que juros é que ele vai cobrar à associação, e porque é que a Nersant não tem crédito nos bancos se o seu património é de milhões. Enfim, enchia uma página para continuar a provar que a entrevista de que falo é trabalho de um jornalista em morte cerebral, mas vou ficar por aqui para não gastar mais cera com defuntos.
Ainda a tempo: 1) o texto da entrevista e o trabalho de revisão só pode ser obra de gente semianalfabeta; é ruim pra chuchu; Domingos Chambel fala mal o português, mas citado à letra o resultado seria certamente muito melhor do que vem transcrito no jornal.
2) O facto de Domingos Chambel ter proibido os jornalistas de O MIRANTE de assistirem a uma conferência de imprensa da direcção da Nersant, e de ter cortado relações com o jornal vai dar-lhe direito a um retrato na sede do Correio do Ribatejo para envergonhar ainda mais a memória de Vergílio Arruda?
3) Há gente que não merece o que come e bebe e muito menos o direito de exibir em público o tamanho da barriga. Para mim são os filhos incógnitos do jornalismo: vivem das esmolas da profissão. Que se danem. Longa vida ao Correio do Ribatejo, mas abaixo a reacção. JAE .
À Margem / Opinião
Domingos Chambel: um dirigente associativo pobre de espírito
José Eduardo Carvalho ergueu a Nersant ao patamar mais alto do associativismo empresarial. Domingos Chambel, o novo presidente, é um dirigente perturbado e ressabiado, que está a pôr em causa todo o passado da associação.
A Nersant fez história na região ribatejana desde que foi fundada, mas foi no tempo de José Eduardo Carvalho que a associação se tornou um caso de estudo. Promoveu debates, fez parcerias com autarquias, premiou empresários em parceria com O MIRANTE e acima de tudo, liderou iniciativas que tiveram impacto nacional e mostraram que a região em termos empresariais tinha um líder respeitado e com trabalho feito. Não é por acaso que José Eduardo Carvalho é hoje presidente da AIP e tem um papel importante no associativismo empresarial a nível nacional. Um dos momentos mais marcantes a que assisti, e da qual tomei parte como accionista, foi a fundação da Garval. A direcção da Nersant, graças à liderança da sua direcção, juntou cerca de uma centena de empresários para uma escritura pública que ficará para a história. Guardo ainda hoje essa imagem de mobilização impressionante, demonstrativa da força das empresas e dos empresários da região. Cerca de 20 anos depois a Nersant tem como presidente um homem pobre de espírito, ressabiado, aparentemente perturbado psicologicamente, e zangado com todos aqueles que foram e ainda são responsáveis pelo passado da Nersant. A forma como hoje ataca os seus antecessores e põe em causa o seu trabalho é lamentável, mas acima de tudo é um labéu que nos envergonha a todos.