Francisco Brites já pode passear de bicicleta na companhia da irmã Maria Rita
Organização Make a Wish aceitou concretizar o sonho de um jovem de Alpiarça e ofereceu-lhe uma bicicleta que permite acoplar a cadeira de rodas da irmã, uma criança de seis anos que sofre de doença rara e incapacitante. Um gesto solidário recebido com felicidade pela família.
Francisco Brites, de 12 anos, não escondeu a emoção e felicidade quando recebeu uma bicicleta que permite acoplar a cadeira de rodas da irmã, Maria Rita, de seis anos, portadora de uma doença incapacitante. A mãe, Ana Rita Cardigos, conta a O MIRANTE que o filho lhe confidenciou, quando começou a andar de bicicleta com os amigos, que tinha o sonho de andar de bicicleta em família. Algo que não era possível devido à doença rara da irmã que tem de andar de cadeira de rodas.
Ana Rita Cardigos começou a pensar como poderia concretizar o sonho do filho. Foi nessa pesquisa que descobriu a Fundação Make a Wish, uma organização sem fins lucrativos que ajuda a concretizar sonhos. A Make a Wish aceitou o desafio de Ana Rita Cardigos e fez a surpresa a Francisco numa iniciativa que decorreu na Reserva do Cavalo do Sorraia, em Alpiarça, onde Maria Rita tem aulas de hipoterapia. “No dia seguinte o Francisco levantou-se e pediu para irmos todos andar de bicicleta. É muito ligado à irmã e não gostava de ir andar de bicicleta só com o pai ou só com a mãe. Agora já podemos fazer estes passeios em família”, confessa Ana Rita Cardigos com um sorriso rasgado.
Maria Rita nasceu a 31 de Março de 2017 e aos quatro meses teve a sua primeira convulsão. A mãe, que nunca tinha visto uma convulsão, e o pai, Luís Brites, ficaram preocupados e procuraram assistência médica no Hospital de Abrantes, cidade onde se encontravam de férias em casa de familiares. A bebé foi encaminhada para o Hospital de Torres Novas, onde funciona a especialidade de pediatria do Centro Hospitalar do Médio Tejo. Os médicos disseram que tudo indicava que tinha sido um refluxo. Entretanto, foram para o Hospital da Estefânia, em Lisboa, onde marcaram vários exames.
Em Janeiro de 2019 Maria Rita foi diagnosticada com Síndrome de Dravet, uma doença genética rara, progressiva e incapacitante, acompanhada de défices cognitivos e problemas motores. Esta síndrome é caracterizada por a criança ter epilepsia não controlada por medicação. É uma doença sem cura. Além da síndrome, Maria Rita não tem um dos cromossomas no segundo par, situação que foi descoberta após um estudo genético. “O síndrome ataca mais a fala mas como falta um cromossoma no segundo par ataca a visão, o andar e toda a parte motora. A Maria Rita nem sequer fazia força com as pernas, hoje já faz. Ela não via, hoje já consegue ver alguma coisa”, esclarecem os pais. Essas melhoras estão relacionadas com o facto de ser muito estimulada e fazer fisioterapia cinco vezes por semana.
“A Maria Rita é muito amada e ensina-nos a amar cada vez mais”
O casal gasta cerca de 1.500 euros mensais com a filha. Além de fisioterapia, psicomotricidade, terapia ocupacional, hipoterapia e hidroterapia, a mãe criou uma página na rede social Facebook, intitulada Ritinha Laçarote, onde expõe artigos feitos por Ana Rita e também com a ajuda da família. O dinheiro que conseguem angariar com o que vendem é para ajudar nas terapias. E é também uma forma de manter a cabeça da mãe ocupada. “A minha filha não sabe andar mas é ela quem nos ensina a andar nesta vida. Ela não vê mas é ela que nos ensina que o mais importante é o amor e as coisas banais do dia-a-dia. Uma coisa tenho a certeza: a Maria Rita é muito amada e ensina-nos a amar cada vez mais”, garante Rita Cardigos.
A relação de Maria Rita com o irmão, Francisco, de 11 anos, é um orgulho para os pais. O irmão mais velho sabe tudo o que se passa com a irmã e é muito protector. Durante o confinamento ajudou a mãe, que estava em teletrabalho, a cuidar da irmã. Os pais não gostam de pensar no futuro e vivem um dia de cada vez.
Livro inspirado na filha
Ana Rita Cardigos lançou, em Novembro do ano passado, um livro destinado ao público infantil, inspirado na sua filha, a quem carinhosamente família e amigos tratam por Ritinha Laçarote. Intitulado “E tu, acreditas?”, é uma edição de autor e todas as receitas com a venda do livro revertem para as terapias de Maria Rita. A autora tem ido às escolas falar do livro e dos temas que este foca e admite que tem sido uma aprendizagem muito gratificante.