Falta de vagas nas creches em Benavente alerta para problemas com profissionalização de amas
O alerta é deixado por Tânia Amado, ama em regime livre em Samora Correia, que pede aos pais para estarem atentos com quem deixam os filhos.
Por causa da falta de vagas nas creches no concelho de Benavente surgem cada vez mais pessoas disponíveis para tomar conta de crianças. A oferta é visível através das redes sociais de amas que anunciam estar disponíveis para receber crianças, informalmente, e sem estarem devidamente licenciadas para o efeito. O alerta é de Tânia Amado, ama em regime livre a funcionar legalmente no distrito de Santarém. Devidamente licenciada pela Segurança Social desde 2021, toma conta de quatro crianças na sua casa, em Samora Correia, incluindo o filho.
Quando a Segurança Social a visitou já tinha tudo preparado. Fez apenas umas pequenas alterações e depois reuniu com uma técnica e uma psicóloga em Santarém.
Por causa da falta de vagas nas creches tem sido mais procurada, mas os lugares já estão preenchidos, até porque legalmente não pode tomar conta de mais do que quatro crianças. “O que é frustrante é que temos em todo o país dezenas de amas em processo de credenciação e a Segurança Social não faz nada, apesar de terem de responder em 90 dias aos processos. Temos colegas com formação e com capacidade”, lamenta Tânia Amado.
A ama chegou a trabalhar num berçário e numa creche mas acredita que em casa o acompanhamento é mais personalizado. Em regime livre diz ser responsável por tudo, desde as limpezas, secretaria, horários e rotinas flexíveis. A O MIRANTE diferencia as amas de quem toma conta de crianças e questiona a opção dos pais. “Não podem achar que está correcto depositar os filhos, mesmo aqui ao lado, onde estão dez crianças enfiadas dentro de uma casa e bebés enfiados nos ovos. E os vizinhos dizem que não ouvem barulho nenhum. Os pais não questionam como é possível?”, alerta. Para Tânia Amado, as amas em regime livre devem ser incluídas na Creche Feliz, rede de creches gratuitas gerida pela Segurança Social. Assim, os pais que não podem pagar uma ama tinham mais uma alternativa.
Contactado pelo nosso jornal, o Centro Distrital de Santarém da Segurança Social confirmou que o número de amas em regime livre é diminuto mas não avançou quantas existem. Até à data de fecho desta edição a Segurança Social ainda não tinha respondido às questões de O MIRANTE.
Mães sem alternativas
Na segunda-feira, 17 de Julho, Erica Catarino deslocou-se com a filha de três meses à reunião de Câmara de Benavente. É mais uma mãe que não tem vaga no concelho de Benavente para o bebé. “Já antes da Creche Feliz e da gratuitidade não havia vagas em Samora Correia e Benavente. Eu tenho uma filha de cinco anos e na altura também não havia vagas suficientes. Estar numa ama não é solução, porque vão ter muitas crianças e não vão dar atenção a todas. Vai ser um problema”, considerou.
A vice-presidente da autarquia, Catarina Vale, voltou a referir que a rede Creche Feliz fez aumentar o número de inscrições de crianças e que a responsabilidade é do governo e a gestão da Segurança Social. A autarca diz que o executivo está a trabalhar para soluções que não são a curto prazo e que levam o seu tempo.