Nuno Trindade é sapateiro e tem uma loja no Entroncamento onde também afia facas e tesouras
Nuno Trindade é um empresário com 37 anos que montou o seu próprio negócio durante a pandemia. Depois de duas décadas a trabalhar em vários ramos de actividade, regressou às origens e abriu o Sapateiro O Trindade, onde, entre outros trabalhos, faz reparação de calçado e afia facas e tesouras.
Em plena pandemia Nuno Trindade decidiu deixar o seu emprego e abrir um negócio próprio. Aos 37 anos é proprietário do Sapateiro O Trindade, no Entroncamento, uma das poucas dezenas de lojas abertas dedicadas à reparação de calçado. Aprendeu o ofício no seu primeiro emprego, aos 18 anos. Nas últimas duas décadas trabalhou numa loja de electrodomésticos, foi técnico de manutenção de edifícios, trabalhou na construção de pladur e chegou a ter uma loja de informática. No entanto, sempre que podia, ia practicando o ofício da reparação de calçado, a sua verdadeira vocação, diz a O MIRANTE.
Em Julho de 2020 apercebeu-se que estava pouco satisfeito por trabalhar por conta de outrém e queria voltar a ter um negócio seu. Resolveu voltar às origens e abriu a sua loja no Entroncamento onde, entre vários serviços, se destaca a afiação de facas e tesouras e a reparação de calçado, trabalhos cada vez menos comuns nos dias de hoje. Nuno Trindade afirma que nunca teve familiares neste sector de actividade, mas quis o destino que, aos 18 anos, fosse contactado pelo Centro de Emprego para ir trabalhar para um sapateiro onde, salienta, aprendeu quase tudo o que sabe hoje. Todos os dias trabalha recordando aquilo que o seu tutor na altura lhe ensinou; “ou fazes as coisas bem, ou não as fazes”. Qualidade, seriedade e perfeccionismo são as normas máximas do seu trabalho, acrescenta. “O trabalho tem de ser feito com o maior detalhe e perfeição, porque só assim se consegue manter um negócio a funcionar bem e os clientes satisfeitos”, vinca.
Nuno Trindade refere que ainda há muita gente a procurar a reparação de calçado, seja para serviços mais comuns, como colocação de capas e colagens de sola, ou mais específicos, como meias solas, pintura, ou ajustar o calçado ao tipo de pé do cliente que, por vezes, pode ter problemas e causar desconforto. Os clientes habituais, explica, são homens e mulheres, entre os 40 e os 50 anos, “pessoas que já sabem o que querem e o que procuram, têm melhor conhecimento do trabalho do sapateiro e deste comércio mais tradicional”, afirma. Sobre a afiação das facas e tesouras, Nuno Trindade confessa que é mais esporádico, mas que ainda tem clientes que procuram esse trabalho.
Com portas abertas há cerca de 3 anos, o sapateiro acredita estar no melhor momento e já conquistou clientela de vários concelhos do Médio Tejo, como Constância, Vila Nova da Barquinha ou Abrantes.