Falta de motoristas e de viaturas faz disparar queixas na recolha de lixo em Benavente
No mês de Junho aumentaram as reclamações no concelho de Benavente por causa da recolha de lixo. Dois motoristas foram ao mesmo tempo para baixa médica e faltam viaturas. A autarquia alugou dois camiões para reforçar a recolha nos próximos seis meses.
Os problemas com a recolha de lixo têm vindo a agravar-se no concelho de Benavente. As queixas surgiram por parte de cidadãos e tiveram eco através dos autarcas da oposição, quer na assembleia municipal, quer em reuniões de câmara. A vereadora do PSD, Sónia Ferreira, falou dos casos de acumulação de lixo nos contentores em Foros da Charneca, Porto Alto e Samora Correia, e questionou a autarquia por que motivo não apostou na construção de ilhas ecológicas. “Não temos ilhas ecológicas, não temos recolha porta-a-porta e existem contentores em ruas onde muitas vezes nem o carro do lixo consegue passar por falta de largura. Isto é um caso de saúde pública”, criticou a autarca.
Também a vereadora eleita pelo Chega, Milena Castro, deu conta da reclamação que recebeu de um munícipe da freguesia de Santo Estêvão, referindo que os ecopontos estão sempre cheios na Herdade do Zambujeiro. O vereador da Câmara de Benavente, Hélio Justino (CDU), admite que o Cantinho das Glicínias, precisamente na Herdade do Zambujeiro, é uma das zonas mais críticas de deposição de lixo no concelho. “O espaço já está a ser vedado. Tenho dúvidas que resolva o problema mas pode minimizar o depósito de lixo nessa zona”, garantiu.
Hélio Justino justifica as falhas na recolha de resíduos com a dificuldade em contratar motoristas de veículos pesados, “porque o salário no sector privado é superior ao do público”. A autarquia ainda tentou internamente incentivar alguns funcionários a tirar a carta de pesados mas sem sucesso.
As queixas aumentaram no mês de Junho porque dois trabalhadores foram ao mesmo tempo para baixa médica. Além disso faltam viaturas de recolha e a Câmara de Benavente anunciou que já está a decorrer o processo de aquisição das duas viaturas para tentar minimizar os problemas actuais.
“Atravessamos momentos difíceis na recolha de lixo porque no seio da Ecolezíria os municípios estavam a contar com a recolha porta-a-porta mas houve muita indefinição nos últimos anos. Não se fez o investimento e a recolha nas zonas históricas foi afectada. Mas a nossa equipa técnica esta a trabalhar para encontrar as melhores soluções”, sublinhou Hélio Justino. O município de Benavente apela aos munícipes para não depositarem os monos junto aos contentores de lixo sem contactarem a câmara para que possa ser agendada a recolha.
Recolha porta-a-porta em 2024
A Ecolezíria, empresa intermunicipal para o tratamento de resíduos sólidos produzidos em Almeirim, Alpiarça, Benavente, Cartaxo, Coruche e Salvaterra de Magos prevê que arranque em 2024 o projecto piloto de recolha selectiva porta-a-porta. Este tipo de recolha destina-se ao lixo reciclável, ou seja, papel, plástico e vidro. Cada município deverá identificar as zonas onde se justifica implementar a recolha porta-a-porta e que correspondem a locais com maior densidade populacional. No caso de Benavente já foram identificados os centros históricos de Samora Correia e Benavente. Nestas zonas a recolha vai ser feita com viaturas de menor dimensão. Foi feito um estudo que aponta para custos muitos elevados na recolha porta a porta em zonas de menor densidade populacional e povoamentos dispersos.
A Ecolezíria tem no quadro de pessoal entre 15 a 20 motoristas que fazem a recolha nos concelhos de Almeirim e Coruche. Mas estão de baixa seis motoristas por questões de saúde e acidentes de trabalho. “Mesmo fazendo horas extraordinárias é difícil recuperar. Não podemos admitir mais pessoal sem outros se reformarem. No Verão existe sempre um fluxo maior de lixo porque as pessoas passam mais tempo em casa e aproveitam para fazer limpezas. Mas estamos atentos para corrigir eventuais situações”, diz Dionísio Mendes, administrador da Ecolezíria.
Escusa ficou uma semana sem recolha de lixo
Em Junho também houve relato de contentores do lixo cheios no município de Coruche, cuja recolha é feita pela Ecolezíria. As queixas maiores foram na freguesia do Couço, nomeadamente na Escusa. Por causa do estado da ponte da Escusa, que aguarda obras de reabilitação ou construção de uma ponte nova, os carros do lixo não têm condições para passar. Segundo Dionísio Mendes, as viaturas tiveram de fazer um percurso alternativo, mais longo, e durante uma semana a recolha não foi feita. O responsável garante que os constrangimentos já foram ultrapassados e relembra que a população tem uma linha telefónica onde pode dar nota das situações.