Atropelamentos de animais na recta do Cabo continuam a ser um flagelo
Há cinco anos o Governo aprovou uma resolução com medidas para mitigar o flagelo ecológico provocado pelo atropelamento de animais na recta do Cabo mas as soluções continuam sem sair da gaveta. Câmara de Vila Franca de Xira aprovou proposta para que se adoptem soluções urgentes.
Pressionar a empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP) a implementar rapidamente um programa de monitorização e minimização dos atropelamentos de animais na recta do Cabo (EN10) é uma das exigências do município de Vila Franca de Xira agora vertida numa proposta aprovada em reunião de câmara.
O documento, apresentado pela CDU e aprovado por maioria com os votos contra do Chega, pede também que o programa de mitigação do atropelamento de animais naquela recta, que une o Porto Alto a Vila Franca de Xira e que é considerada um dos 40 pontos negros nacionais para a biodiversidade, aponte medidas de correcção e minimização dos impactos no atropelamento de animais.
Diz a CDU que a sinistralidade rodoviária naquela via, que atinge não só pessoas mas também animais, é “um flagelo ecológico” em plena Reserva Natural do Estuário do Tejo e da Lezíria de Vila Franca de Xira, onde abundam várias espécies de mamíferos, aves, anfíbios e répteis, desde texugos, lontras, raposas, ratos, corujas, aves de rapina, cegonhas, flamingos, patos e gansos-bravos, entre outros.
Dizem os eleitos que as elevadas velocidades a que se circula no local colocam também em risco a segurança das pessoas, riscos potenciais pela total ausência de medidas preventivas como sinalização adequada, lombas redutoras de velocidade, passagens aéreas ou subterrâneas naturalizadas, pontes, cercas e reflectores.
“Estas medidas poderiam reduzir significativamente o impacto deste troço de estrada na biodiversidade local, que fazem deste percurso pertencente ao concelho de Vila Franca de Xira um verdadeiro cemitério de animais que raramente são recolhidos”, lê-se no documento.
No próprio dia em que a proposta foi discutida ocorreu um acidente na estrada, quando um condutor para se desviar de uma raposa embateu num camião, de onde resultaram feridos ligeiros mas que serviu de alerta para a pertinência da proposta. Manuela Ralha, vereadora do PS, lembrou que a estrada não é responsabilidade da câmara e que os cadáveres de animais são sempre recolhidos pelos serviços de veterinária do município, sempre que solicitada pela Polícia, moradores ou condutores. “Já enviámos um ofício à IP a solicitar uma maior ligeireza e velocidade na comunicação connosco para podermos recolher os cadáveres mais rapidamente. Só não somos mais rápidos se não soubermos que lá estão”, lamentou.
Assembleia da República também já se pronunciou
A Assembleia da República, recorde-se, aprovou em 2018, por proposta do Partido Ecologista Os Verdes, uma resolução no sentido de reduzir o flagelo do atropelamento de animais na recta do Cabo mas até hoje nenhuma medida foi implementada no terreno.
Em Outubro do ano passado vários ambientalistas e activistas de Os Verdes estiveram no local a erguer uma bandeira negra para chamar a atenção para o problema, considerando aquela estrada um “ciclo horrendo de mortandade”. A criação de passagens e túneis, vedações de malha apertada nas bermas da estrada, a redução da velocidade dos condutores e a colocação de maior sinalização de prevenção para quem vai ao volante são algumas das medidas que podem ser tomadas para ajudar a prevenir a sinistralidade.