Sociedade | 31-07-2023 12:00

33 organizações contra o Colete Encarnado de VFX como património cultural

33 organizações contra o Colete Encarnado de VFX como património cultural
Esperas de toiros são uma das atracções da festa do Colete Encarnado

Plataforma para a abolição das touradas em Portugal reuniu as assinaturas de 33 organizações não governamentais onde explicam que a festa do Colete Encarnado expõe menores a situações de risco e por isso não deve ser considerada património imaterial pela Direcção-Geral do Património Cultural. Participação pública teve apenas 23 contributos e a maioria manifestou-se contra.

As festas do Colete Encarnado em Vila Franca de Xira incluem eventos tauromáquicos “brutais e de interesse cultural nulo”, onde ocorrem acidentes graves com dezenas de feridos, muitos deles testemunhados por crianças e jovens de todas as idades, “expostas a um ambiente de pânico e agressividade”. As considerações são deixadas pela plataforma para a abolição das touradas em Portugal (BASTA), uma das entidades que se pronunciou contra a inclusão das festas na lista do Património Cultural Imaterial, no âmbito da consulta pública promovida pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) que decorreu até 5 de Julho.
Das 23 participações públicas recolhidas no período de consulta pública, apenas cinco são a favor da inclusão do Colete Encarnado na lista do património imaterial. As restantes mostram-se frontalmente contra. O documento da BASTA é um deles, subscrito por 33 organizações não governamentais (ONG) mundiais dos sectores da defesa e protecção das crianças e jovens e de luta pelos direitos dos animais. Entende a BASTA que os jovens são incentivados a colocar-se em situações de risco de vida ou ofensa à integridade física. Um lado violento das festas, relevante para o processo, que no entender da organização “foi totalmente ocultado pelo município de VFX na candidatura apresentada à DGPC”.
Consideram as 33 ONG que as festas não incluem qualquer tipo de advertência para os riscos elevados a que estão sujeitos os espectadores e os participantes nas festas e que não se adopta qualquer medida para salvaguardar a segurança e integridade física das crianças. Para a plataforma, o Colete Encarnado viola os critérios de classificação por incluir eventos que atentam contra a vida de pessoas e o dever de protecção do superior interesse das crianças.

Crescem vozes contra em VFX
Depois do partido Pessoas, Animais e Natureza (PAN) se ter oposto frontalmente contra a classificação do Colete Encarnado a património imaterial, agora foi a vez de João Fernandes, eleito do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de VFX e na Assembleia da União de Alverca e Sobralinho, ter manifestado publicamente o seu desagrado. Num artigo de opinião publicado no site do BE, João Fernandes lembra que a exposição de menores à violência dos espectáculos taurinos em VFX não é acidental. “Existe uma política municipal que deliberadamente convoca os menores para a participação na violência tauromáquica, confirmada pelo apoio municipal de 60 mil euros anuais concedido à Escola de Toureio José Falcão. A câmara falha na defesa do superior interesse das crianças quando permite e incentiva que estas tomem parte num evento que exalta e glorifica a violência”, condena.
Para João Fernandes o carácter popular das festas do Colete Encarnado merece ser assinalado e elogia o encontro entre as diferentes faces do território, o momento de socialização, de discussão de ideias e de partilha do espaço público que faz desta uma festa única. No entanto, entende, os novos tempos exigem que se introduza segurança, saúde, ética, responsabilidade social e respeito pelos animais nesta celebração.
Este ano, no Colete Encarnado, 79 pessoas ficaram feridas, sobretudo nas esperas de toiros pelas ruas, tendo duas pessoas sofrido ferimentos graves. Do total, 57 pessoas foram consideradas vítimas ligeiras e duas dezenas tiveram mesmo de ser transportadas para o hospital.

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