Associação de Asseiceira precisa de sangue novo para não cair no marasmo
A direcção da Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Asseiceira queixa-se da falta de pessoas para ajudar a manter em funcionamento uma colectividade que está perto de fazer 100 anos de actividade no concelho de Tomar. No final deste ano termina o mandato e o futuro é incerto.
A Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Asseiceira é uma referência no concelho de Tomar, mas actualmente sofre com a falta de pessoas. A sede está fechada e não há movimento no edifício, sendo que a actividade da associação está reduzida ao Rancho Folclórico “As Lavadeiras”, à ginástica e alguns eventos ao longo do ano. Começou por ser a Sociedade Filarmónica da Padroeira da Asseiceira, no ano da sua fundação, em 1928; tornou-se Casa do Povo, em 1933, e a 14 de Fevereiro de 1992 foi designada de Associação Cultural Recreativa e Desportiva de Asseiceira (ACRDA). A sua missão tem sido sempre a mesma: ser um elo de ligação entre a comunidade local.
A presidente da direcção, Maria Martins, e a vice-presidente, Eugénia Costa, contam a O MIRANTE que têm sentido muitas dificuldades em encontrar pessoas que se queiram ligar ao movimento associativo de forma voluntária. Na sua opinião, para as colectividades sobreviverem à passagem do tempo é preciso sangue novo e novas ideias para atrair e fixar pessoas. A emigração dos jovens recém-licenciados e o seu êxodo para zonas urbanas, onde há mais oportunidades de emprego, são os factores que mais contribuem para a falta de pessoas. Eugénia Costa recorda com saudade os tempos em que a população se misturava com o rancho e queria fazer parte de uma secção que era das mais reconhecidas do concelho de Tomar. “Um autocarro não chegava para levar as pessoas todas para as actuações. Hoje em dia chega e sobra”, lamenta com tristeza a vice-presidente.
A associação, que em tempos foi o ponto de encontro da comunidade em bailes, matinés e noites de cinema, está com dificuldades em assegurar o funcionamento das actividades. Ainda assim organizam eventos como o Festival de Folclore, a Festa de Verão e a Feira Medieval. A colectividade chegou a ter uma equipa de rugby a competir a nível nacional, uma equipa de futebol, teatro e zumba, mas todas as actividades acabaram por falta de interesse das pessoas. Os peditórios, actividades e almoços-convívio são algumas das formas que a associação que tem cerca de duas centenas de sócios encontra para se sustentar. Como a esperança é a última a morrer, a direcção acredita que as obras no edifício-sede, para melhorar as acessibilidades, podem atrair a população mais jovem e ajudar na recuperação da associação.
“Antigamente era uma alegria: brincávamos, convivíamos, namorávamos e durante os bailes a sede estava cheia de gente. É uma tristeza ver tudo a acabar”, desabafa Maria Martins, de 68 anos. A presidente começou a trabalhar aos nove anos numa fábrica a fazer púcaros e ajudava na horta em casa para que o pai a deixasse ir aos bailes e às noites de cinema na antiga Casa do Povo. “As pessoas eram mais unidas e éramos mais felizes, apesar de partilharmos uma sardinha para quatro, dávamos mais valor”, recorda. Aos 20 anos, casou e foi viver para a Suíça com o marido. Sempre disse que ia voltar para Asseiceira e, após 42 anos, voltou. “Foi aqui que cresci e vivi até aos 20 anos, tenho sempre aquele sentimento no coração que é a nossa terrinha”, afirma a presidente, acrescentando que desde o seu regresso sempre esteve ligada à associação. O mandato da direcção liderada por Maria Martins termina em Dezembro de 2023. Actualmente ainda não se sabe qual vai ser o futuro desta associação histórica.