Médicos alertam para falta de pessoal na urgência de VFX
Sindicato Independente dos Médicos tornou a apontar o dedo à gestão do Hospital de Vila Franca de Xira lembrando que a urgência voltou a ficar sem médicos ao serviço numa noite. Unidade de saúde clarifica dizendo que a situação apenas abrangeu quem chegava de ambulância.
A urgência do Hospital de Vila Franca de Xira está “muito abaixo dos mínimos” em termos de recursos humanos médicos para garantir a segurança dos utentes que a procuram, alertou esta semana o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) em comunicado.
O sindicato critica estarem apenas ao serviço dois médicos especialistas e uma médica interna de quinto ano a assegurar a Urgência Interna e revela que na noite de 16 de Julho a urgência ficou mesmo sem médicos ao serviço. “Não houve a garantia do serviço ser assegurado depois das 20h00, pois a elaboração da escala de serviço foi delegada numa empresa de trabalho temporário que não garante especialistas de Medicina Interna”, alerta o sindicato.
Segundo o SIM, a médica escalada para a Urgência Interna nesse dia até às 20h30 recebeu ordens para assegurar também o serviço nocturno da Urgência Externa sem o apoio de qualquer outro especialista e com a responsabilidade de chefiar a equipa, tendo declinado essa orientação da direcção do serviço de urgência.
Contactado por O MIRANTE, o conselho de administração do hospital clarifica o comunicado do SIM, lembrando que o serviço de urgência não encerrou mas que houve, sim, uma falta imprevista de um elemento da equipa médica, para o turno da noite, que levou a um pedido feito ao Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) para desviar doentes da área médica - que chegavam de ambulância - durante esse período. “O serviço de urgência manteve-se aberto para os doentes que chegavam por meios próprios, assim como para todas as outras valências de urgência, nomeadamente as cirúrgicas, pediatria e ginecologia”, garante o hospital, confirmando que a normalidade só foi reposta no turno seguinte, às 08h30.
Cenário vai agravar-se
Sem investimento no Serviço Nacional de Saúde, avisa o sindicato, “estas situações irão não só continuar como agravar-se”, destacando o facto dos médicos já terem alertado o conselho de administração liderado por Carlos Andrade Costa sobre o problema. Também já emitiram, recorde-se, minutas de escusa de responsabilidade por terem mais trabalho em mãos do que aquele que conseguem realizar.
Os constrangimentos pontuais nas urgências do Hospital de VFX, em particular nos meses de Verão e junto ao Natal, não são novos. Em Junho do ano passado, por exemplo, a unidade também teve de pedir ao CODU que desviasse para outros hospitais da região os utentes que chegassem de ambulância por incapacidade de meios para atender toda a gente.
No último Verão, o SIM também lançou um “grito desesperado” de ajuda para a situação que se passava naquela unidade de saúde, como O MIRANTE deu nota. Numa carta enviada ao conselho de administração, os médicos acusavam a liderança de ter visto e permitido “contínuas rescisões contratuais” nos últimos meses, agravando o que diziam ser a falta dos já escassos recursos humanos.
Além dessa debandada de médicos também deu entrada no Colégio de Especialidade de Medicina Interna da Ordem dos Médicos um pedido de apoio subscrito por 24 médicos do Hospital de VFX, para que se estabelecessem limites à carga assistencial relativa a doentes internados.