Abaixo-assinado contra construção de bairro social no Porto Alto
Moradores do Porto Alto mobilizam-se contra a construção de um bairro social num terreno adquirido pela Câmara Municipal de Benavente. Sentindo-se esquecidos e sem consulta prévia, o grupo está a reunir assinaturas para contestar a decisão.
Um grupo de moradores do Porto Alto está a recolher assinaturas contra a construção de um bairro social num terreno que foi adquirido pela Câmara Municipal de Benavente. De acordo com os residentes, havia um compromisso por parte do executivo municipal de construir um espaço verde naquele local, junto ao bar da Associação Recreativa do Porto Alto (AREPA). Os residentes e comerciantes gostariam de ter sido ouvidos pelo município antes da tomada de decisão. Fernando Teixeira diz mesmo que a autarquia pouco tem feito pela localidade. “Sentimo-nos esquecidos. Tomaram uma decisão em pouco tempo e sem consultar as pessoas por causa dos investimentos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”.
A viver na localidade há 15 anos, Diniz Neto diz que procurou o Porto Alto por ser uma zona mais tranquila para criar o filho. Não é contra a construção de bairros sociais mas reitera que têm de ser pensados. Caso o bairro venha a ser uma realidade as habitações vão desvalorizar no mercado e a qualidade de vida pode estar posta em causa. “ A população aumenta mas as infraestruturas não acompanham o crescimento. Tirando um parque infantil que fizeram, estamos esquecidos dentro do concelho. Servimos para pagar impostos mas usufruir do que pagamos não”, lamenta.
As assinaturas vão continuar a ser recolhidas até ao final de Agosto para depois serem entregues na Câmara de Benavente. Será ainda agendada uma reunião no Porto Alto, com a população, para debater o assunto.
Vinte fogos e espaço verde
No âmbito da estratégia local de habitação a Câmara de Benavente comprou o terreno no Porto Alto para construir dez moradias bi-familiares que correspondem a 20 fogos. As casas vão ocupar parte do terreno sendo que o restante será destinado a um espaço verde. O projecto já está em execução e contempla sobretudo habitações de tipologia T1 e T2.
A vice-presidente do município, Catarina Vale, explica que a estratégia local de habitação não se destina a bairros sociais com comportamentos desadequados mas a pessoas com carências habitacionais dos mais diversos tipos de famílias. As casas são atribuídas mediante selecção dos técnicos da autarquia e sujeitas a regulamento. “Não vamos ter outra oportunidade de ter 30 milhões de euros disponíveis para o município destinado a habitações para famílias vulneráveis. E quando compramos casa também não sabemos se o vizinho do lado tem bons ou maus comportamentos”, disse a autarca.
A Câmara de Benavente está a adquirir terrenos, distribuídos por todo o concelho, para construir casa para 406 famílias. Na opinião de Catarina Vale a distribuição das casas não vai descaracterizar nada e sublinha a necessidade de se ter uma perspectiva de integração.