“Em Santarém respiramos cultura e voltamos para casa sem medo”
Verão é sinónimo de turismo e lazer e a monumentalidade do centro histórico de Santarém é um chamariz que atrai muitos visitantes, nacionais e estrangeiros. O MIRANTE falou com alguns turistas que elogiaram o património, a gastronomia e a segurança, mas não deixaram de reparar nas muitas lojas fechadas e nos prédios a necessitar de obras.
O património monumental continua a ser o maior chamariz de turistas a Santarém, em particular as suas diversas igrejas que lhe valeram o epíteto de “Capital do Gótico”. O número de visitantes tem aumentado, segundo dados registados nos monumentos abertos ao público, e para além do património também a segurança e a boa gastronomia são elogiadas. A brasileira Daisy Jucosky, 70 anos, veio de São Paulo há um mês e está alojada em Caldas da Rainha. Na tarde de 27 de Julho encontrámo-la a passear pelo centro histórico de Santarém e, numa frase, a professora aposentada sintetizou a experiência: “Aqui respira-se cultura e volta-se para casa sem medo”. Desde 2018 que procura um lugar para viver em Portugal que consiga pagar, porque o objectivo, diz, é viver sem medo.
É a primeira vez que Daisy Jucosky vem a Santarém. Viajou com uma amiga que é sua vizinha. Visitaram a cidade com dois guias que contaram detalhes da História, para não olharem para os monumentos sem lhes dar significado. Querem voltar para visitar as igrejas que ficaram por ver. A paisagem alcançada do Jardim das Portas do Sol ficou-lhes na retina: “Ficámos a namorar o rio, o comboio passou e estávamos a imaginar-nos numa guerra medieval”.
A Câmara de Santarém tem apostado na requalificação urbana do centro histórico e essa realidade também não passa despercebida a quem visita a cidade, tal como as muitas lojas fechadas e prédios devolutos. “Estamos em Santarém há pouco tempo. Mas viemos por causa das igrejas e dos jardins. Gosto de ver o gótico português nas igrejas. Mas há muitas obras e desanima um bocadinho o passeio”, diz o espanhol José Diaz, que estava alojado em Óbidos e viajou com a esposa e os três filhos. Elogia a hospitalidade dos portugueses e a gastronomia “rica em peixe”, afirmando que pensa voltar para conhecer o que agora não foi possível.
“A cidade é lindíssima mas tem demasiadas lojas fechadas”
Juergen tem 62 anos, é alemão e vive perto de Munique. Tem um amigo a viver na Maçussa, concelho de Azambuja, e decidiu visitar com a esposa “a cidade maior e mais interessante aqui na área”, segundo o que ouviu. Já tinham estado em Portugal mas nunca em Santarém. E o resumo do que viu é positivo mas com alguns reparos: “A cidade é lindíssima mas tem demasiadas lojas fechadas, tem casas muito bonitas mas que precisam de ser requalificadas. Os portugueses deviam de ter salários mais altos e rendas mais atractivas para que fosse mais fácil as pessoas abrirem um negócio. Não me importo com as obras porque significa que o espaço vai tornar-se melhor”.
Na semana passada já se notavam em Santarém os efeitos da realização da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, que se estima que traga ao nosso país cerca de um milhão de visitantes. O espanhol José Leiva, 29 anos, de Málaga, é um deles. Veio com um grupo de três amigos que vão fazer voluntariado na área da logística e estão a dormir na Pontinha numa escola com 400 pessoas. Viajaram de comboio de Lisboa até Santarém no dia 27 de Julho e voltaram ao final do dia. Já tinham visitado a Sé Catedral de Santarém e queriam visitar a Igreja da Graça e o Santuário do Santíssimo Milagre de Santarém. As lojas fechadas não lhes passaram despercebidas e registam pela positiva a conservação dos monumentos. “As igrejas estão cuidadas. O interior é mais parecido às de Espanha, com os retábulos em madeira e em ouro”, diz o jovem professor.