Oito horas à espera de ser atendida por ortopedista no Hospital de VFX
Cidália Albuquerque, que sofre de uma doença caracterizada pela fractura frequente de ossos, passou uma madrugada na sala de espera da Ortopedia de Vila Franca de Xira, onde estava apenas outro utente. Foi atendida assim que houve mudança de turno. “O médico devia estar a dormir”, diz a filha da utente.
Cidália Albuquerque tem 69 anos e sofre de uma doença congénita caracterizada pela fractura frequente e espontânea dos ossos. Na madrugada de 18 de Julho sentiu o estalar típico de um osso a quebrar e, com dores, foi transportada pelos Bombeiros de Vialonga para o Hospital de Vila Franca de Xira. A utente, triada com pulseira amarela, acabaria por esperar oito horas na urgência, sem medicação para as dores, até ser vista por um ortopedista.
“A triagem pediu um raio-x, que foi feito em meia hora, mas depois disso nada mais aconteceu entre as 02h30 e as 10h00 da manhã”, até haver a troca de turno e entrar outro ortopedista, explica a filha, Paula Albuquerque, salientando que estava “uma noite calma” naquelas urgências e havia apenas mais um utente na sala de espera para o serviço de Ortopedia.
Quando mãe e filha começaram a questionar o tempo de espera foi-lhes dito por um profissional de saúde, segundo contam, que “aquela hora era sempre complicada”, o que as levou a suspeitar que o médico pudesse estar a dormir. “Não me foi dito mas quando questionei percebi, por um encolher de ombros, que o médico devia estar a dormir. Não havia fila de espera e diziam-me que iam reforçar o pedido para ele descer”, conta. Isto depois de Paula Albuquerque ter escrito no livro de reclamações e ter insistido para chamarem o médico. “Pedi para falar com o chefe de equipa mas foi-me negado. Depois, pelas 08h00, vejo um médico a sair do hospital, com cara de quem tinha acabado de acordar. Acabei por confirmar que era o ortopedista que esteve de serviço a noite toda e que estava a sair antes da troca de turno”, conta Paula Albuquerque.
Foi pelas 09h30 que Cidália Albuquerque foi atendida pelo ortopedista que deu entrada ao serviço nessa manhã e que analisou o raio-x que havia sido pedido e através do qual se constatou que a utente não tinha fracturado nenhum osso. Deixaram aquela unidade hospitalar pelas 10h00 “completamente exaustas”, lamenta Paula Albuquerque que já se queixou da demora no atendimento noutras idas à urgência desse hospital.
O Hospital de Vila Franca de Xira, em resposta a O MIRANTE, refere que naquele dia a escala de ortopedistas na Urgência estava completa, reconhecendo que o tempo entre a admissão e alta “pode constituir incómodo a acompanhantes de doentes, mas é uma situação inevitável da dinâmica hospitalar, cuja principal prioridade é a salvaguarda do interesse e bem-estar do doente”. A reclamação, acrescenta, deu entrada no Gabinete de Apoio ao Cidadão, estando a decorrer dentro dos trâmites previstos.