População vai dar luta contra quadruplicação da linha de comboio em Alhandra e VFX
Movimento popular aprovou por unanimidade, em sessão pública realizada em Alhandra, sair em peso para as ruas das duas localidades em Setembro e apresentar uma tomada de posição na câmara municipal.
O que está a ser feito para travar a ideia apresentada para quadruplicar a Linha do Norte entre Alhandra e Vila Franca de Xira não está a ser suficiente e por isso o movimento popular “Em Defesa de VFX e Alhandra” aprovou por unanimidade, em plenário popular realizado em Alhandra, levar a cabo uma acção de protesto nas ruas das duas localidades em Setembro.
A manifestação está agendada para 23 de Setembro, às 10h00 em Alhandra, entre o viaduto da Avenida Afonso de Albuquerque e a Praça 7 de Março, frente à junta de freguesia; e da parte da tarde, pelas 15h00, entre a zona ribeirinha e o Largo da Câmara, em Vila Franca de Xira, onde o movimento de cidadãos vai apresentar uma tomada de posição negativa ao executivo municipal. Vão ser convidados elementos de todos os partidos políticos e todos os presidentes das juntas de freguesia do concelho, bem como do executivo camarário.
O objectivo é expressar o desagrado popular pela intenção anunciada pela Infraestruturas de Portugal (IP) de ampliar a linha de comboio nas duas localidades, o que, a acontecer, transfiguraria por completo as duas localidades, como O MIRANTE tem noticiado. O vice-presidente da IP, recorde-se, já tinha avisado numa apresentação pública do estudo em Alhandra que o comboio de alta velocidade não passa sem fazer sangue. O projecto prevê, entre outras, demolir a estação de Alhandra, desactivar a actual estação de VFX (e construir uma nova), destruir habitações na zona do cais de VFX, eliminar um dos corredores do Jardim Municipal Constantino Palha e abater 160 árvores na Avenida Afonso de Albuquerque em Alhandra.
André Arrojado, porta-voz do movimento que agrega vários movimentos cívicos e de cidadãos do concelho, incluindo três dezenas de tertúlias de Vila Franca de Xira e o movimento cívico Ciradania, informou que já foram enviados pedidos de audiência a todos os partidos representados no Parlamento para os alertar sobre o assunto. Mas que até ao momento apenas dois, CDU e Bloco de Esquerda, aceitaram reunir com o movimento de cidadãos. “Os eleitos da CDU já estiveram em Alhandra a conhecer de perto o que vamos todos perder e do Bloco de Esquerda ficou o compromisso de se exigir uma outra solução”, explicou.
A população continua a defender que o projecto atenta contra a sua qualidade de vida e na sessão de Alhandra a noite foi pautada por paralelismos com a luta, no final dos anos 90, contra a intenção de se realizar co-incineração na vila. O movimento de cidadãos diz que chegou a hora de intensificar as acções de luta, exigindo a suspensão da ideia actualmente em cima da mesa e a exigência de novas alternativas. Na sessão pública de Alhandra ouviram-se críticas ao facto da câmara, liderada pelo socialista Fernando Paulo Ferreira, se manter em silêncio sobre o assunto sem ter ainda condenado directamente o plano proposto. “Este é um plano insultuoso. Tal como é a posição do nosso presidente da câmara”, lamentou Alexandra Martins.
Já outro morador, José Machado, perguntou onde pára a deputada e ex-autarca Maria da Luz Rosinha. “A Rosinha devolveu-nos o acesso ao rio Tejo e agora anda calada. Onde é que ela anda?”, questionou, momentos antes de acusar os socialistas do concelho de andarem “todos alinhadinhos” e calados sobre o assunto. “Temos de estar na Feira de Outubro, falar com a população, pedir um espaço à câmara para lá estarmos, temos de ser ouvidos”, defendeu.
Dinheiro para patos bravos
Quem também fez ouvir a sua voz contra o plano da IP foi Mário Pereira, que disse ter poucas dúvidas que este é um projecto feito para “dar dinheiro a uns quantos patos bravos” e que devia era ser investido no desenvolvimento do país, lembrando as linhas do Oeste e da Beira Baixa que estão “uma miséria”.
Já Cláudia Martins, eleita da CDU na Assembleia de Freguesia de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz, avisou que sem luta a população terá um “pau espetado nas suas costas” e lembrou que a co-incineração na vila só não foi avante graças à luta intensa da comunidade. “Se agora não voltarmos a estar unidos vamos sofrer”, avisou.
Justificações da IP antes das férias
A documentação da IP que justifica a tomada das decisões apresentadas no estudo de quadruplicação do corredor ferroviário, documentos que há muito o presidente da Câmara de VFX diz serem fundamentais para que os socialistas possam tomar uma posição sobre o assunto, só deve chegar aos gabinetes do município no princípio de Agosto. O que, para o autarca, já deverá permitir tomar uma decisão a tempo da próxima reunião, agendada para 25 de Agosto.
Na última reunião, a CDU apresentou uma moção condenando a actual ideia de quadruplicar a linha mas o documento acabou por não ser votado por ter sido apreciado já fora da hora de final da reunião, às 14h10. Uma decisão polémica do presidente, Fernando Paulo Ferreira, que assim deixa tudo em aberto para depois das férias, perante as críticas dos eleitos da CDU.