Tomar tem a maior colecção de caixas de fósforos da Europa
O espólio do Museu dos Fósforos é composto por cerca de 60 mil caixas e representa a história e cultura de mais de uma centena de países. A colecção de Aquiles da Mota Lima foi o mote para abrir o espaço museológico de Tomar, inaugurado em 1989, e que tem milhares de visitantes por ano.
O Museu dos Fósforos, instalado no antigo Convento de São Francisco, em Tomar, foi inaugurado a 1 de Março de 1989 e conta com 43 mil caixas de fósforos doadas por Aquiles da Mota Lima, em 1980. Estima-se que actualmente o museu seja constituído por cerca de 60 mil caixas devido a doações de coleccionadores nacionais e internacionais, que faz do espaço o maior da Europa a este nível. O MIRANTE fez uma visita guiada ao espaço acompanhado por João Pinto Coelho, coordenador do Gabinete de Museologia e Património Cultural da Divisão de Turismo e Cultura da Câmara Municipal de Tomar.
Aquiles da Mota Lima, tomarense e filho de um antigo presidente da Câmara de Tomar, iniciou a sua colecção em 1953 com duas carteiras de fósforos alusivas à coroação da Rainha Isabel II, na sua viagem a Londres, onde conheceu uma coleccionadora americana com a qual trocou caixas de fósforos de diversos países. O coleccionador começou a revelar o seu gosto pelo filumenismo que resultou em muitas viagens e contactos com correspondentes em outros países que lhe enviavam caixas diferentes, tornando-se assim o maior coleccionador de caixas de fósforos da Europa.
O espólio do Museu dos Fósforos representa mais de 120 países com ilustrações de diversos temas como natureza, gastronomia, acontecimentos históricos, campanhas políticas, desporto, carros, personalidades nacionais e internacionais, avisos, publicidade, pontos turísticos, entre outros. As caixas de fósforos eram uma forma de descobrir o mundo e conhecer novas culturas. Ao longo das sete salas de exposição divididas por países, sendo que a última é dedicada a Portugal, e compostas por etiquetas, caixas e carteiras de fósforos, destaca-se uma caixa de fósforos dos Estados Unidos da América com o retrato de Osama Bin Laden a oferecer uma recompensa de cinco milhões de dólares pela captura do terrorista.
Maria Helena Aquiles da Mota, filha do coleccionador, seguiu a paixão do seu pai e teve um papel crucial no aumento do número de caixas de fósforos para a colecção. A morte de Aquiles da Mota Lima, em 1984, levou a filha a organizar toda a exposição tal como o seu pai desejava e à semelhança da forma como estava exposta na sua residência, por países, para concretizar o sonho do pai que não conseguiu ver a sua colecção exposta e aberta ao público. O modo expositivo mantém-se até hoje de acordo com a preferência da família. Durante um longo período, Maria Helena Aquiles da Mota Lima estava presente no museu regularmente e intervinha nos assuntos relacionados com o espaço museológico.
O museu é singular e distingue-se de outros espaços museológicos europeus por manter os fósforos no interior da caixa, uma vez que existem museus semelhantes com as caixas espalmadas, tornando-se assim um dos pontos turísticos mais visitados de Tomar. Em 2022, o espaço recebeu cerca de 13 mil visitantes, sendo que oito mil foram visitantes nacionais. A nível internacional destacam-se os visitantes oriundos dos Estados Unidos da América, Brasil, Espanha e França, que ficam sempre surpreendidos pela quantidade de caixas de fósforos expostas.