Autarcas não desistem da luta pelo acesso e requalificação da nascente do Almonda
Coligação acusa o PS de Torres Novas de falta de vontade política para devolver à população o livre acesso à nascente do rio Almonda, fechada a cadeado pela Renova, e apela à manifestação popular em defesa do património natural.
A CDU de Torres Novas garante que “só a luta é solução” para que seja devolvido à população o livre acesso à nascente do rio Almonda, que a fábrica da Renova, ali situada, interditou em 2020, e defende que seja levada a efeito a requalificação da zona envolvente. Para isso, declara a coligação, é preciso que a “população do concelho se organize e manifeste publicamente em defesa de um património natural que é de todos”.
Em comunicado, após ter decorrido uma reunião com representantes da administração da Renova na qual foi apresentada a petição aprovada há cerca de um ano na Assembleia Municipal de Torres Novas a reclamar o acesso e a requalificação, a CDU aponta o dedo ao PS de Torres Novas. Considera ser “evidente a incapacidade demonstrada pelo executivo municipal – socialista - em defender os interesses dos seus munícipes cada vez que esses interesses possam, ainda que minimamente, não ser coincidentes com os da administração da Renova”.
Para a CDU, quer o PS de Torres Novas quer o PS nacional consideram como sendo “praticamente intocáveis os interesses dos grandes empresários, deixando para segundo plano os interesses das populações”. E neste caso concreto, avança o comunicado, “o município continua a não assumir as responsabilidades que lhe cabem no papel de defender verdadeiramente os interesses dos munícipes”, apesar de “ter do seu lado a lei e de se encontrar munida dos pareceres jurídicos e técnicos necessários ao desbloqueamento da situação”.
A Assembleia Municipal de Torres Novas, recorde-se, aprovou a 27 de Julho de 2022 uma recomendação a sugerir à câmara municipal que deve empenhar-se e liderar a concretização de um plano de requalificação da nascente do rio Almonda, sem perder de vista a elaboração de um plano de pormenor de recuperação urbanística e paisagística do histórico moinho da fonte.
A Renova fechou a cadeado o acesso à nascente do rio Almonda, em Agosto de 2020, alegando motivos de segurança, perante a indignação e estupefacção da população local. A Agência Portuguesa do Ambiente teve conhecimento da situação, mas nunca tomou uma atitude, embora tenha afirmado, tal como o Ministério do Ambiente, que a Renova não pode impedir o acesso à nascente do rio, nomeadamente, no que diz respeito à servidão do domínio hídrico e salientado que qualquer intervenção nesta faixa (10 metros) “carece de autorização prévia”.