Sociedade | 14-08-2023 15:00

A1 e IC2 são focos de insegurança rodoviária na região

A1 e IC2 são focos de insegurança rodoviária na região
A1 nas proximidades de Santarém é um dos pontos negros onde é frequente haver acidentes graves

Relatório dos acidentes mortais na estrada da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária revela que a A1, a principal auto-estrada do país, tem seis pontos negros de sinistralidade entre Santarém e Lisboa que já mataram 17 pessoas ao volante. O IC2 é outra via com números preocupantes.

Quem conduzir na Auto-Estrada do Norte (A1) entre Alcanena e Lisboa deve fazê-lo com o credo na boca nos dois sentidos, a julgar pelos números dos acidentes mortais registados naquela via concessionada pela Brisa e divulgados na última semana pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). Entre Janeiro de 2018 e Abril de 2023 morreram 17 pessoas só nesse troço da A1, segundo dados revelados pela ANSR a propósito do lançamento de uma campanha de Verão onde se pede cautela a quem se desloca para as férias.
Só entre o distrito de Santarém e Lisboa há seis pontos negros na A1 identificados no relatório, ou seja, locais onde se registaram pelo menos dois acidentes mortais com uma distância entre si inferior a dois quilómetros. Começam logo ao km 6 em Loures no sentido sul-norte onde morreram duas pessoas. No concelho de Vila Franca de Xira há outro ponto negro na A1, ao km 17, no sentido norte-sul onde há registo de três mortos. Daí para cima a zona mais perigosa prolonga-se por três quilómetros na zona de Santarém, a saber: km 64 (sul-norte) com registo de três mortos, km 65 (norte-sul) com quatro mortos e km 66 (norte-sul) com duas vítimas mortais. O último ponto negro no distrito está situado ao km 89, em Alcanena, no sentido sul-norte, com três mortos nas estatísticas.
O MIRANTE questionou a Brisa, concessionária da via, sobre a existência destes seis pontos negros na região mas não recebeu resposta até à data de fecho desta edição. Das estatísticas da ANSR estão excluídos os restantes acidentes ligeiros que quase diariamente acontecem na A1 entre Lisboa e Santarém em ambos os sentidos e que O MIRANTE dá nota quase todas as semanas.
Um dos últimos acidentes graves ocorreu no final de Julho quando um carro, ao km 28, no Carregado, se despistou, galgou os separadores e saiu da estrada provocando dois mortos e três feridos graves. O excesso de velocidade mas sobretudo as irregularidades do piso e fraca drenagem da água nos dias de chuva são muitas vezes apontados pelos condutores como os maiores motivos para acidentes na A1.

IC2 também é perigoso
O Itinerário Complementar 2 (IC2), que atravessa os distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém e Lisboa, é a estrada do país com o maior número de locais com concentração de acidentes mortais, 13 locais no total, numa extensão de 24 quilómetros, onde já morreram 31 pessoas. Nove pessoas perderam a vida a conduzir nos troços de Rio Maior (4), Azambuja (3) e Póvoa de Santa Iria (2) do IC2. Os pontos negros mais perigosos são o km 27 na Póvoa de Santa Iria, o km 56 em Azambuja e o km 65 em Rio Maior.
Destaque ainda para a Estrada Nacional 2, em Abrantes, ao km 411, com registo de quatro mortos, seguida das EN114 e EN118, em Almeirim, com dois mortos cada e a EN251, em Coruche, com duas vítimas. No concelho de Vila Franca de Xira, depois do IC2 e A1, a Estrada Nacional 1, ao km 24, é a que mais mata com duas vítimas. A Estrada Nacional 10, que em tempos foi um problema grave de sinistralidade no concelho, viu reduzido para dois o número de mortos ao volante no estudo da ANSR. Em Dezembro de 2021, recorde-se, este troço da A1 entre os nós de Santarém e Cartaxo foi também notícia devido ao acidente violento com várias viaturas que resultou na morte da artista Sara Carreira de 21 anos..

À Margem / Opinião

Do que estamos à espera?

Só quem nunca conduziu na A1 entre Vila Franca de Xira e Santarém num dia de chuva poderá ficar surpreendido com os dados revelados pela ANSR. O piso é por vezes irregular (veja-se junto ao nó sul de VFX), a drenagem de água sofrível (sobretudo na subida/descida de Aveiras de Cima) e os avisos para os perigos praticamente inexistentes. Numa Era onde se ensina e conduz cada vez pior, teremos de nos preparar para ter cada vez piores estatísticas no futuro. A A1 mata e pelos vistos vai continuar a matar. Se a vida das pessoas já não é argumento suficiente para convencer quem de direito a fazer obras, que tal ir à carteira e lembrar que a sinistralidade rodoviária custa aos cofres nacionais 6,4 mil milhões de euros, qualquer coisa como 3% do nosso Produto Interno Bruto? É que nem a morte de famosos neste troço da A1, como aconteceu no Natal de 2022, parece ter sido suficiente para que algo fosse feito. Do que estamos à espera? .

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