Homem que ameaçou matar em VFX fica com cuidados psiquiátricos
Indivíduo oriundo da zona de Almeirim chegou a Vila Franca de Xira de comboio e espalhou o pânico na tarde de 2 de Agosto, andando aos gritos no centro da cidade a ameaçar matar quem se atravessasse no seu caminho. Chegou a empunhar duas facas que tirou de um café.
O homem que na tarde de 2 de Agosto espalhou o pânico no centro da cidade de Vila Franca de Xira, ameaçando matar quem lhe aparecesse pela frente com duas facas em punho, vai passar as próximas semanas medicado e acompanhado no serviço de psiquiatria do Hospital de Vila Franca de Xira. A informação foi confirmada a O MIRANTE pela Polícia de Segurança Pública que foi chamada ao local pouco depois das 17h00 dessa quarta-feira.
O homem, estrangeiro e oriundo da zona de Almeirim, terá chegado à cidade de Vila Franca de Xira de comboio vestindo apenas umas cuecas. Ao sair da estação começou a gritar que matava toda a gente e que estava farto de tudo. “Começou a aproximar-se das pessoas que passavam e vi toda a gente a fugir. Também fugi para dentro do banco, foi um medo tremendo”, conta Alberto Pereira, um dos moradores da cidade que presenciou a cena. Segundo o morador o homem estava “psicótico” e alucinado, ora gritava sons imperceptíveis ora garantia que queria matar alguém. Foi nesse momento que começaram a cair as primeiras chamadas na esquadra da PSP de Vila Franca de Xira.
“Só se via as pessoas a correr pelas ruas, foi o pânico total”, confirma outra moradora, Florinda Peres, que diz ter visto o homem a tentar agredir um instrutor da escola de condução e um cidadão indiano que passava na rua. “A dada altura entrou num café, galgou o balcão e sacou de duas facas. Foi aí que as coisas ficaram feias”, acrescenta a mesma cidadã.
Quando a polícia chegou ao local com um efectivo de quatro homens o suspeito já não tinha as facas consigo. Ainda mostrou resistência mas acabou algemado. Alguns populares arranjaram-lhe um casaco e umas calças de fato de treino para vestir enquanto aguardou na praça de táxis pela chegada dos bombeiros que o encaminharam para o hospital. Fonte dos bombeiros da cidade confirma que não houve registo de feridos.
A lei de saúde mental em Portugal prevê que o portador de anomalia psíquica grave que crie, por força dela, uma situação de perigo para bens jurídicos de relevante valor, de natureza pessoal ou patrimonial e se recuse a submeter-se ao tratamento médico devido pode ser internado compulsivamente. Bem assim como aquele que, como era o caso, não possua o discernimento necessário para avaliar o sentido e o alcance do consentimento. Nesses casos têm legitimidade para declarar o seu internamento compulsivo o representante legal do portador da anomalia psíquica, as autoridades de saúde pública - mediante comunicação dos médicos - ou o Ministério Público.
Alertas bem conhecidos
Há precisamente um mês, em entrevista a O MIRANTE, o psiquiatra José António Salgado alertou que a saúde mental tem sido desvalorizada em Portugal e precisa de maior atenção do poder político. O médico, que tem exercido a profissão em Santarém e Lisboa, considera que a depressão continua a ser vista como um sinal de fraqueza e que as camas em psiquiatria são insuficientes nos hospitais. “É claro que os problemas sociais e económicos são um factor importante no aparecimento da doença mental, embora não sejam o único. Todos conhecemos pessoas a quem a vida corre muito mal e não se deprimem e pessoas a quem a vida corre bem e se deprimem”, refere. É uma entrevista que pode ser lida na edição online do jornal.